Crítica | Moonfall: Ameaça Lunar – Conspirações, surtos e um visual espetacular

Após mais de um século da existência do cinema de catástrofe e dois longos anos em que a Covid-19 tem deixado marcas profundas em cada um de nós, imaginar o fim do mundo não é lá tarefa tão difícil, especialmente para um diretor que explora em sua filmografia as inúmeras maneiras de como a humanidade pode ser derrotada pelas forças do universo. Devido ao seu pessimismo enraizado, há quem enxergue Moonfall – Ameaça Lunar (que chega ao Brasil pela Diamond Films) como algo de profundo mal gosto, afinal, com tudo que temos enfrentado, será mesmo que é esse tipo de filme escapista que precisamos agora? Porém, o grau de insanidade Roland Emmerich é elevado ao criar a maluca e bizarra hipótese da Lua chocar com a Terra. Simples, direto e bastante possível. Será?

Bom, sabemos que verossimilhança nunca foi o forte dos roteiros de Emmerich e não seria em Moonfall que o cineasta entregaria algo plausível, na realidade, talvez essa seja sua obra mais tresloucada, megalomaníaca e livre das amarras dos grandes estúdios, no entanto, ao dar uma colher de chá aos conspiracionistas de plantão – que acreditam que a Lua não passa de uma megaestrutura artificial criada por aliens – o diretor inova na destruição global, mas entrega uma aventura mais do mesmo, que peca por apostar em personagens humanos sem carisma, algo que nunca foi uma questão em suas obras passadas. De qualquer forma, o passeio consegue ser imersivo.

A trama e o elenco

Para alguém que já fez o público vibrar com 2012, O Dia Depois de Amanhã e Independence Day, é visível que Emmerich entrou na terrível zona da repetição, onde artistas renomados vivem numa espiral de criar apenas as mesmas obras repetidas vezes, por anos e anos.

Óbvio que imaginar um desfecho criativo para o mundo exige empenho e reflexão, mas agora, pensar uma forma divertida de fazer prédios voar pelos ares e tsunamis colossais, aí é outra história. E para nossa alegria, Moonfall apela constantemente para o uso dos efeitos especiais e para a ação explosiva, uma carta na manga infalível quando se tem personagens tão rasos e pouco carismáticos.

Na premissa maluca, ao perceber que uma força misteriosa – além de tudo que a humanidade já viu – está tirando a Lua de sua órbita natural, a humanidade – juntamente com os cientistas – desenvolve uma missão suicida de ir até o espaço para enfrentar essa entidade sinistra e, com isso, evitar que a nossa querida Lua caia na Terra. Porém, uma série de conflitos pessoais permeiam a trama e faz com que a viagem à lua seja bem menos glamorosa do que aquela feita por Georges Méliès nos primórdios do cinema.

Os ex-astronautas Jo Fowler (Halle Berry) e Brian Harper (Patrick Wilson), juntamente com o teórico da conspiração KC Houseman (John Bradley), são os escolhidos para ir até o céu descobrir o que diabos está acontecendo na Lua. Com isso, o elenco é extenso e poucos se destacam além do trio principal. Bradley (Game of Thrones), por sua vez, dá seu nome e diverte como o clássico alívio cômico desnecessário, mas que todo mundo gosta.

A direção

Assim como todas as suas obras, a trama se divide em núcleos (uns funcionam mais que outros) e busca explorar diferentes sobreviventes do apocalipse, mas Emmerich encontra dificuldade de humanizar seus personagens dessa vez, ou seja, se os humanos são qualquer coisa, a força está mesmo nas belas cenas de destruição, especialmente por conter uma gigantesca Lua em CGI no fundo (soa artificial, sim, bastante).

A narrativa é instigante e, apesar de ser um filme demasiadamente longo, a montagem apressada faz o ritmo ser dinâmico e poucos momentos são entregues ao tédio. Porém, é importante ressaltar a falta de engenhosidade do roteiro e a sua imensa quantidade de artifícios e previsibilidades. Nada é uma surpresa e pouca coisa se mostra criativa, mas a jornada compensa.

Com exceção da última cena – totalmente desnecessária e que destrói com maestria o tom de seriedade da obra – a aventura força seus ápices emocionais no meio do caos e isso, por si só, já mostra que a essência do cineasta se encontra por ali, afinal, é difícil de engolir algumas afirmações da trama (como a inclusão de alienígenas) e o famoso “filme mentiroso” deve vir na cabeça do espectador menos envolvido. Mas são apenas detalhes que, para a grande maioria, deve ficar no lado mais escuro da memória e não influenciar o espetáculo.

Conclusão

Desligue sua mente pois, para nossa surpresa, Roland Emmerich encontra uma nova e insana maneira de destruir o mundo em sua obra mais alucinada e delirante. Com Moonfall – Ameaça Lunar, o cineasta abraça bobeiras, conspirações, surtos e um visual espetacular para castigar novamente a humanidade com suas tragédias envolventes e catástrofes que evidenciam o quão frágil somos. A dose de diversão é garantida, mas não espere por um roteiro engenhoso e nem por personagens singulares, nada aqui é inédito, porém, ver pedaços da Lua cair na Terra é um bom motivo pelo qual vale à pena ir ao cinema. Não acha?

Longe de ter o charme e a ressonância das obras anteriores do diretor – que parece habitar a tediosa zona da repetição – somos atingidos por mais um épico de ficção científica com um tsunami de clichês e um terremoto de inconsistências, mas que fortemente sustenta uma colisão divertida entre contemplação e entretenimento escapista.

NOTA: 8/10


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