Crítica | Ferida – Filme de superação luta para vencer, mas falha

Embora na prática, Ferida (Bruised) possa parecer ser sobre uma lutadora de artes marciais envelhecendo e tentando retomar sua carreira, o filme – original da Netflix – é muito mais sincero e emocional do que isso. No entanto, os dois grandes méritos dessa produção são, de fato, a atuação envolvente de Halle Berry, assim como sua estreia na cadeira da direção. Um papel denso, emotivo e bem desempenhado pela atriz em ambas as áreas, mas que falha em fugir do “feijão com arroz” básico. Sem correr riscos e assumindo clichês do gênero, apenas os níveis de emoção da atriz são atraentes, quando poderia ser muito mais e maior do que apenas isso.

A trama e o elenco

Apesar do excesso de subtramas e gorduras extras na narrativa, no enredo central, Jackie (Berry) é uma lutadora de MMA em decadência, cujo maior desafio de sua vida está na batalha contra seus vícios e demônios internos. Quando aceita a oferta para retornar ao mundo da luta, seu filho – que ela abandonou quando nasceu – retorna para sua vida, tornando a volta por cima ainda mais necessária. Dentro dessa premissa, o roteiro explora questões convenientes – como machismo no esporte e depressão – e cria uma bonita atmosfera de amor materno para justificar suas mensagens positivas.

Como um bom e velho “filme de superação”, no melhor estilo Menina de Ouro, Rocky, O Lutador e até mesmo Karatê Kid, sua força está no protagonista. Neste caso, Berry segue forte o tempo todo. Mesmo que interprete uma lutadora durona, ela apresenta níveis de vulnerabilidade para a personagem que funciona. Enquanto a estrela central brilha, os demais membros do elenco são bons, mas ofuscados, sejam eles namorados agressivos (Adan Canto) ou treinadoras simpáticas e atenciosas (Sheila Atim).

O roteiro descomplicado de Ferida gasta energia além do necessário com suas subtramas e, no fim, não aprofunda nenhum deles com devido valor. Não há substância o suficiente e o que a direção faz, no fim das contas, é pôr mais água no feijão para fazer render.

Lotado de aspectos previsíveis, a verdadeira luta é para surpreender o espectador. No entanto, há uma jornada emocional bem construída por debaixo dessa camada grossa de conforto que deve satisfazer quem busca um filme comovente sem ser, essencialmente, triste ou forçado.

Outro grande problema está em sua duração estendida, que só deixa a narrativa ainda mais arrastada e maçante. Alguns bons minutos a menos faria a diferença para o ritmo. Em seu primeiro filme no comando, a diretora se mostra observadora da indústria que a consagrou uma estrela e surpreende positivamente em como contorna as divergências, mas também opta por não se arriscar ou fazer algo fora do comum. Um desperdício de talento.

Conclusão

Machucado pela previsibilidade e o medo de sair do óbvio, Ferida marca a estreia do talento de Halle Berry na direção, mas se sustenta apenas por esse aspecto mesmo, uma vez que a sua maior luta está para servir um suco batido no liquidificador de clichês dos filmes de esportes. Não há muito a ser oferecido além de algumas boas atuações e uma jornada emocional sincera, qualidades essas diluídas na água para não arder quando entra em contato com o corte deixado por mais um grande desperdício de premissa em filmes da Netflix.

Nota: 6/10


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