Crítica | Escape Room 2 – Tensão máxima com originalidade mínima

Para quem já estava com saudades do novo Jogos Mortais da geração, os jogos elaborados da Minos estão de volta com Escape Room 2: Tensão Máxima (Escape Room 2: Tournament of Champions), sequência direta do primeiro filme da franquia e que tem como objetivo dessa vez fazer uma espécie de “torneiro do campeões” com todos os sobreviventes dos games macabros.

O primeiro grande problema é que, com apenas um filme no currículo, talvez seja um pouco cedo para reunir sobreviventes e queimar uma ideia que poderia ser boa mais para frente na franquia, mas ok, dessa premissa megalomaníaca, a trama aposta no “quanto mais, melhor” e eleva o nível em todos os quesitos, desde puzzles extremamente mais elaborados – e cada vez menos improváveis – até sequências de ação desenfreadas. Ou seja, é mais eficiente que o original? Talvez. Definitivamente possui mais energia. Mas, ao contrário, sacrifica seu coração e entrega uma continuação totalmente sem alma.

A trama e o elenco

Após um resumão do primeiro filme – no estilo “anteriormente” das séries de TV – o enredo segue acompanhando a jornada de Zoey (Taylor Russell) e Ben (Logan Miller) na tentativa de expor os planos mirabolantes da Minos (empresa que cria os tais jogos de sobrevivência), porém, como podemos prever, eles acabam caindo novamente nas garras da corporação e participam de mais um elaborado e intenso escape room.

Até aí, tudo certo, porém, há um adicional nesta continuação: começamos a ver o passado e a história do criador das salas e como sua relação com a filha (vivida pela atriz Isabelle Fuhrman) afeta todo o desenvolvimento dos games e o teor de dificuldade.

Fora alguns flashbacks isolados, sem grandes efeitos narrativos, nada é explicado e as respostas ainda seguem sendo um mistério, afinal, para o roteiro, a única coisa que importa é elaborar salas com dificuldade elevada e feitas para testar a inteligência do público que assiste e aceita a maluquice que estão vendendo.

Diferente do original – que possuía um nível de diversão interessante, exatamente por ser novidade – esse novo enredo entra no modo desenfreado e não para pra evoluir seus personagens e nem estabelecer uma conexão plausível entre eles. Tudo é corrido, apressado e cada tentativa de emoção e carisma passa na velocidade da luz.

Aumentando a qualidade dos efeitos especiais – para deixar as salas mais perigosas – a trama de Escape Room 2 cai na artificialidade e dificilmente convence de que aquelas pessoas são aptas para sair das encruzilhadas dos jogos.

Todas as personagens são inverossímeis, assim como o contexto familiar raso e cansativo que há por trás da empresa. Um pai abusivo e que só pensa em trabalho… sério mesmo? Essa é a motivação para pôr a vida de tanta gente em risco mortal? Até Jigsaw faz mais sentido.

De qualquer forma, há mais ação e o suspense segue forte, especialmente pelo ritmo acelerado, que não permite deixar a trama cair no tédio. Mérito de uma franquia que sabe mexer com a expectativa do público, isso é fato.

Já os novos personagens, destaque apenas para a histérica vivida pela ótima Indya Moore (Pose) que, ainda assim, não agrega valor nenhum à trama. O restante dos coadjuvantes são apenas corpos acumulados para fazer a violência funcionar.

A direção

Ao se distanciar do desenvolvimento das personagens e seus backgrounds, o diretor Adam Robitel (que também comandou o anterior) utiliza o novo tempo para crescer a inquietação dos jogos. Isso, por um lado, é ótimo, pois o filme se justifica e não apenas repete a fórmula (ainda que repita, claro!). Porém, ser apenas isso é um obstáculo que acaba por mostrar que talvez a franquia tenha chegado ao seu teto e não saiba mais para onde ir – isso com apenas dois filmes.

A condução é desembestada, o ritmo desenfreado e as salas acabam por serem solucionadas muito apressadamente, sem que o público possa elaborar uma saída junto com o filme, um desperdício de potencial.

Fora isso, o design de produção e as armadilhas extravagantes (que envolvem chuva ácida, areia movediça e descarga elétrica em um trem) são quem realmente rouba a cena, já que o final despenca a história para um nível bastante estúpido e previsível, ainda que, claro, abra espaço para o próximo capítulo – que, sinceramente, precisa se reinventar muito para funcionar.

Conclusão

Com isso, Escape Room 2: Tensão Máxima testa a inteligência do público através de uma sequência maior, mais desenfreada e menos criativa que o filme original. Ainda assim, eleva o teor de desespero e o nível de ação com seu roteiro agitado e direção eletricamente ritmada que, mesmo com o desgaste precoce do enredo, garante uma boa dose de diversão e prazer culposo.

Se desligar o cérebro e aproveitar a experiência – o que fortemente recomendo – a continuação não é pior do que o anterior e, sem dúvida, entretém ainda mais. Mas uma coisa é certa: falta sangue. É tensão máxima com originalidade mínima.

Nota:6/10


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