Crítica | Bumblebee – Acerta na simplicidade e apresenta o melhor ‘Transformers’

Bumblebee é um frescor, um perfeito exemplo de resgate bem sucedido de uma franquia bilionária do cinema, que já estava desgastada, tanto pelo excesso de grandiosidade, quanto pela falta de uma história concisa e cativante, afinal, desde que seu primeiro filme chegou aos cinemas, há 10 anos atrás, a saga Transformers só cresceu e se intensificou, se tornando algo megalomaníaco, no entanto, aquela boa e inocente trama do primeiro se perdeu ao longa dos anos e a franquia se tornou apenas lutas confusas de robôs em CGI e explosões a cada 1 minuto. E é por isso que Bumblebee, o primeiro filme derivado (mas que também funciona como prelúdio), é tão revigorante. Pelo resgate das origens, quando Transformers era apenas a história de um menino e seu carro alienígena.

A trama e o elenco

Dessa vez, a protagonista é uma menina de 18 anos, forte, carismática e muito cativante. O primeiro grande acerto dessa nova fase, que tem como objetivo central explorar o passado de Bumblebee, 20 anos antes do primeiro Transformers, quando o mesmo se viu obrigado a deixar seu planeta natal para vir pra Terra proteger nosso planeta das garras dos Decepticons e evitar, assim, que uma guerra se estabelecesse. Seguindo uma deliciosa vibe dos filmes dos anos 80, em especial, o cinema de Steven Spielberg e John Hughes, o longa-metragem mira na nostalgia e acerta em cheio, bebendo da fonte insecável que é fazer filmes de ficção científica com a temática oitentista, onde a trilha sonora tem vida própria e faz parte dos diálogos, afinal, Bee utiliza o rádio para formar suas frases, já que por conta de uma tragédia (que finalmente é explicada neste filme!) sua voz foi removida.

O roteiro é simples e autoexplicativo, vai direto ao ponto sem dar muitas voltas e se assume fácil, mais um diferencial em relação a franquia, que costumava somar uma subtrama atrás da outra, à ponto de fazer o espectador se perder. Aqui, todos os personagens são bem construídos, fazendo com que facilmente nos identificamos com suas angústias e decisões, em especial a protagonista Charlie, vivida pela talentosíssima Hailee Steinfeld, extremamente carismática, sustenta o filme nas costas e não decepciona. Um dos triunfos do roteiro também se deve ao fato de brincar com os estereótipos, como o personagem vivido por John Cena, por exemplo, que começa como um suposto vilão, mas logo tem seus caminhos alterados, nos surpreendendo. O mesmo serve para Jorge Lendeborg, o par romântico da protagonista que foge do clichê.

A direção e o roteiro

Com um roteiro tão bem amarrado e personagens desenvolvidos, sobra espaço para uma ação inteligente, sem o excesso de destruição causado pelo diretor Michael Bay (que retorna, felizmente, apenas como produtor), as cenas são mais contidas, visualmente mais fáceis de se entender e muito mais elaboradas, mérito de Travis Knight (Kubo e as Cordas Mágicas), que tem uma longa carreira em animações e provou que sabe dirigir tanto as cenas de ação e perseguições, quanto cenas de diálogos emotivos e relações entre os personagens. Fora a direção de arte e fotografia, que dão ao filme uma identidade própria, mesmo replicando referencias da cultura do final dos anos 80.

Bumblebee funciona sozinho dentro da franquia, não havendo necessidade de assistir aos demais filmes de Transformers. Mesmo que haja alguns easter eggs para os fãs mais assíduos, o longa se sustenta por si só com uma trama fácil, porém carismática e cheia de personalidade, que diverte e emociona. Há imperfeições e alguns furos, mas no fim das contas, a tentativa de revitalizar os robôs mais famosos do cinema é bem sucedida, sem exageros, partindo do princípio de que menos é mais e, nesse caso, a simplicidade faz toda a diferença para o sucesso do projeto.

Nota: 8/10

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