Crítica | Milagre Azul – Comovente e previsível história com Dennis Quaid

A primeira vez que o ator Dennis Quaid (Quatro Vidas de um Cachorro) aparece em Milagre Azul (Blue Miracle), novo drama baseado em fatos original da Netflix, o astro parece abatido. Sua voz demora para sair enquanto ele pisa em seu barco sujo, desgastado pelo tempo no mar. Desse ponto já compreendemos do que se trata o drama e como o personagem, solitário, irá se desenvolver.

Mesmo quando a trama muda seu foco para o orfanato, comandado por Omar (Jimmy Gonzales), a presença de Quaid surpreende, especialmente por se tratar de um ator pouco versátil e que passou a última década envolvido com filmes relacionados a cães e dramas religiosos de baixo orçamento. Essa é a sua hora de brilhar e ele, de fato, rouba os holofotes.

A trama e o elenco

O drama, comandado pelo diretor Julio Quintana (O Mensageiro), é inspirado em acontecimentos reais e segue uma fórmula já esperada, afinal, o roteiro está preocupado com um desfecho feliz e encorajador e, assim como o recente sucesso O Milagre na Cela 7, as surpresas acabam sendo escassas, embora contenha uma grande quantidade de coração e aprendizagem pelo caminho ao mostrar a história de um zelador que trabalha em um orfanato em Beja, no México. O lugar foi diretamente afetado pela passagem do furacão Odile. Através disso, ele se junta a um rabugento marinheiro para entrar em uma competição de pesca. Se ganharem, podem usar o prêmio para salvar o orfanato. Dessa premissa, o roteiro mergulha no lado emocional para comover e manter uma conexão direta com o espectador.

Quaid tem uma atuação um tanto perturbadora. Ele repele a sobriedade e a calma, caminhando com arrogância e mancando, gritando elogios e insultos ao redor de seu barco. De certa forma, é a melhor atuação do ator em anos, ainda assim, ele está quase atuando em outro filme, já que, nesse drama, totalmente puxado para ser um filme leve e reflexivo, não há espaço para esse nível de densidade.

A força da trama está mesmo na relação de oposição da dupla de protagonistas e suas visões diferentes do mundo, mesmo que careça de tensão por já sabermos como tudo irá terminar: na eventual e preguiçosa vitória.

A direção

Ainda assim, Milagre Azul funciona quando assume ser uma simples viagem de pesca sem grandes pretensões mirabolantes. Quando a aventura está situada no mar, o diretor Julio Quintana consegue fisgar a atenção, mesmo que alguns flashbacks intercalados nessas cenas possam acabar com esses poucos momentos de brilho e imersão.

A condução é razoável e, definitivamente, poderia explorar mais as nuances da história que, mesmo sendo baseada em fatos, o diferencial para surpreender o público está em como esses fatos serão apresentados. Fora o lento desenvolvimento inicial e a preguiça em elaborar melhor os caminhos que levam ao desfecho, a intenção é boa e só falha mesmo na execução.

Conclusão

Com isso, Milagre Azul combina muito bem a aventura marítima com o humor, entrega uma atuação forte de Dennis Quaid – após anos fracassando em filmes de cachorros – e deve aquecer os corações mais sensíveis. Seu grande triunfo está na capacidade de extrair emoção do público e inspirar, sem que caia em seus próprios clichês, porém algumas falhas na execução e um desfecho previsível quase colocam tudo à perder. Se você foi tocado por O Milagre na Cela 7, esse aqui deve permanecer com você por bastante tempo.

Nota: 5/10

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