Crítica | ‘Nova Ordem Espacial’ – O ‘Guardiões da Galáxia’ coreano da Netflix

Não é todo dia que uma obra desconhecida consegue pegar a essência de um gênero e, mesmo seguindo a fórmula básica, transcende o limite do que já foi feito ao ser original e criativo dentro do que se propõe. Esse, felizmente, é caso de Nova Ordem Espacial (Space Sweepers), excelente ficção científica da Netflix que compreende suas referências, ao mesmo tempo em que constrói uma ópera espacial grandiosa e de altíssima qualidade técnica para um filme que chega ao serviço de streaming sem grande alarde. Quando a premissa ambiental de Wall-E encontra as aventuras alucinantes de Star Wars, em um mundo cyberpunk pirado, é daí que nasce a trama divertida da produção sul-coreano. O que tinha tudo para dar errado por conta do exagero, acaba sendo uma enorme surpresa.

Fórmula básica em produção colossal

Ambientada em 2092, a trama acompanha uma nave que viaja pelo espaço procurando no lixo itens raros, que possam valer bastante dinheiro e assim eles encontram um antigo robô capaz de exterminar um planeta inteiro. Acontece que esse ser poderoso é, na verdade, uma jovem e doce menina. Dessa forma, a tripulação decide protegê-la de vilões megalomaníacos. Daí por diante, a trama assume uma aventura colossal pelo espaço e entrega tudo que um bom fã de sci-fi gosta de ver: batalhas entre naves espaciais, bastante ação desenfreada em gravidade zero e uma identidade visual bastante singular. Aliás, talvez a maior qualidade do longa esteja exatamente em seu design de produção espetacular e no uso adequado e eficiente dos efeitos especiais. Mesmo que grande parte dos cenários sejam feitos em CGI, o digital agrega bastante valor à trama e convence.

A ação dessa mega produção proporciona momentos dignos de serem assistidos nas telonas, mas que, como um bom blockbuster que é, trabalha também o desenvolvimento de seus personagens e o emocional do público, ainda que cada manobra do roteiro seja rasa e previsível, apenas o essencial é exposto ao espectador e, somado as cenas enérgicas, acaba por criar um ótimo equilíbrio entre o drama, o humor e a ação, como poucos filmes desse nível se presta a fazer. Por outro lado, há uma estranha pressa do roteiro em utilizar as mais de 2 horas para conseguir abranger todas tramas secundárias e seus inúmeros personagens coadjuvantes. Essa correria acaba por afetar o ritmo e o desenrolar da narrativa. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e, sem respiro ou momentos de descanso, o espectador, bombardeado de informações, pode cansar. O elenco, por sua vez, está ótimo, especialmente Song Joong-ki (Descendentes do Sol) e a jovem Kim Tae-ri (A Criada), que fazem uma ótima dupla.

A direção é um espetáculo

Alguém precisa apresentar o trabalho majestoso do diretor Jo Sung-hee (O Garoto Lobisomem) para a Lucasfilm. Ainda, claro, que tenha problemas no ritmo, sua condução eficiente resgata o glamour de Star Wars e proporciona momentos memoráveis, claramente desenvolvidos com base na técnica de clássicos do cinema espacial. Tanto nos enquadramentos mirabolantes, quanto no tipo de jornada do herói, há uma áurea na produção que remete à franquia criada por George Lucas, ao mesmo tempo utiliza elementos que deram certo na saga para fazer sua trama decolar com vigor. A parte técnica, além do ótimo uso do digital na criação da atmosfera de ação, realmente impressiona por tamanha grandiosidade.

Conclusão

Dessa forma, Nova Ordem Espacial proporciona um passeio sólido por um universo divertido e repleto de ação, sendo uma épica e majestosa aventura sul-coreana aos moldes Guardiões da Galáxia e que possui potencial real para se tornar uma ótima franquia na Netflix. Ainda que tenha ritmo acelerado, pouco aprofundamento nos personagens e um enredo convencional, o sci-fi impressiona pela qualidade técnica e pela versatilidade. Finalmente uma surpresa agradável no streaming.

Nota: 8/10

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