Crítica | His Dark Materials – 2ª temporada – Menos ursos e mais sutileza

A primeira temporada de His Dark Materials deslumbrou pela apresentação do mundo de Lyra. Daemons, ursos trajando armaduras, feiticeiras, instituições religiosas malignas e até mesmo Lin-Manuel Miranda em um balão são elementos difíceis de se ignorar, ainda mais quando são parte de uma narrativa tão interessante e cheia de promessas. 

O foco do segundo ano da série, porém, não está no aspecto fantasioso de seu universo, mas em suas personagens e nas relações existentes entre elas. O elemento fantástico continua presente, é claro, mas a segunda temporada de His Dark Materials não se preocupa tanto em trazer momentos grandiosos como em sua primeira temporada. Dessa forma, a narrativa abre espaço para o desenvolvimento de figuras como Will, Sra. Coulter, Mary Malone (a grande novidade da temporada) e, é claro, da própria Lyra. 

A nova temporada nos leva para longe do mundo de Lyra. Na realidade, boa parte da história é ambientada em um mundo até então desconhecido, tanto para a garota quanto para o espectador, que é onde está localizada a cidadela de Cittàgazze. O mundo de Lyra (Dafne Keen) e o de Will (Amir Wilson) também dão as caras (o dele mais que o dela), mas a cidade é o palco para os acontecimentos mais importantes da segunda temporada. 

Esse detalhe faz toda a diferença para a relação que é estabelecida entre os protagonistas. Em ambiente “neutro”, ou seja, desconhecido tanto para Will quanto para Lyra, os dois são forçados a confiarem ao máximo um no outro para que possam alcançar seus objetivos. Assim, pode-se dizer que o maior objetivos dos novos episódios, que é estabelecer a amizade entre os dois garotos, é alcançado com êxito.

A personagem de Ruth Wilson, Sra. Coulter, volta a ter bastante destaque na nova temporada. Ao decorrer da série, Sra. Coulter vem mostrando que é uma pessoa com muitas camadas. A relação entre a mulher e seu daemon é, sem dúvida, uma das mais interessantes do seriado, e o novo ano explora novos patamares desse conflito. O talento de Ruth Wilson é um dos grandes pilares da série, e é bom ver que isso continuou a ser muito bem aproveitado.

O grande porém da nova temporada é o seu ritmo. O segundo ano não conta com momentos tão empolgantes como seu antecessor, o que faz com que quase seis horas de material seja demasiado exaustivo para o espectador que ansiava por ursos com armaduras e grandes batalhas. Existem sim bons momentos, mas nenhum que faça com que o espectador vá para a ponta do sofá apreensivo para o que pode acontecer a seguir ou com que perca o sono a noite, ansioso para o próximo episódio. 

Além disso, a segunda temporada também não se preocupa em responder a todas as perguntas deixadas pelo primeiro ano da série. Algumas respostas surgem, mas trazem muitas outras perguntas consigo. Isso não é bem um problema, mas a impressão que fica é de que a nova temporada existe basicamente para deixar um gostinho de “quero mais”. Isto é, ela funciona como uma ponte entre o que foi apresentado no ano anterior e o que está por vir. Afinal, a promessa de uma conclusão épica deixada pelo season finale é realmente empolgante e suficiente para deixar qualquer um empolgado para a conclusão da série. 

Nota: 7/10

Última Notícia

Mais recentes

Publicidade

Você vai querer ler isto: