“Fico te devendo uma carta sobre o Brasil”, primeiro longa-metragem de Carol Benjamin, divulgou o trailer e será lançado nos cinemas de Rio e São Paulo dia 05 de novembro. A produção é da Daza Filmes, com coprodução do Canal Brasil, VideoFilmes e Muiraquitã Filmes. A distribuição é da Bretz Filmes.
Confira o trailer abaixo:
O filme conquistou a menção especial do júri no 32ª IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, o maior festival do mundo dedicado ao gênero, onde teve sua estreia mundial. “Fico te Devendo uma Carta Sobre o Brasil” também conquistou a Menção Honrosa no Festival É Tudo Verdade 2020, o prêmio de Melhor Documentário no 8º Indian Cine Film Festival e o prêmio do público do Inffinito Film Festival (Estados Unidos). Também foi selecionado para diversos festivais, incluindo o Festival Tempo de Documentários, na Suécia, o Festival Internacional de Filmes e Fórum de Direitos Humanos, na Suíça, e a Mostra Competitiva do 24 Festival de Lima (Peru), entre outros.
“O Brasil vive hoje uma guerra de narrativas que coloca o legado da ditadura no centro do debate. E eu acho que isso só acontece porque aprendemos – e esta é uma característica cultural profundamente arraigada no Brasil – que não devemos falar sobre o passado. Não falar é esquecer, e esquecer é repetir. É um grande desafio lançar um filme tão íntimo e pessoal no atual momento político, tão polarizado, e espero sinceramente que a história da minha família possa contribuir para a abertura de um diálogo mais empático em torno de um tema tão caro para todos nós, que é a manutenção do pacto democrático”, desabafa Carol Benjamin.
A diretora revela a história das três gerações de sua família, que foi atravessada pela ditadura militar que se instalou no Brasil entre 1964 e 1985. Seu avô era coronel do Exército. Seu pai, César Benjamin, foi preso ilegalmente aos 17 anos, em 1971, e permaneceu por três anos e meio em uma cela solitária, além de mais dois anos em prisão comum. Mas a prisão e tortura do filho mais novo transformou a dona de casa Iramaya Benjamin, avó da diretora, em uma militante incansável pela anistia.
“Com muita sensibilidade, abrindo os porões de sua família, Carol investiga o silêncio que contaminou três gerações e todo um país. Precisamos da nossa memória para recontar nossa história e nos reconhecer. “Fico te devendo uma carta sobre o Brasil” é um exemplo corajoso de como devemos nos investigar para ir além e construir novas perspectivas de futuro”, diz Leandra Leal, produtora do filme.
Devido à pressão de Iramaya e excepcionalidade do pleito, o caso de César foi logo adotado pela Seção Sueca da Anistia Internacional. Em 1976, quatro anos depois, ele foi considerado “Prisioneiro da Consciência”, o principal caso do ano para todas as sessões da Anistia Internacional global. A forte pressão levou o governo brasileiro a exilar César para a Suécia nesse mesmo ano.
“Até hoje nós da Anistia Internacional continuamos tomando as injustiças como algo pessoal, mobilizando pessoas para agirem sempre que em algum lugar os direitos de alguém sejam violados. Seguimos em ação para impedir que injustiças, prisões arbitrárias aconteçam e para que vidas sejam salvas. O filme revela um lado de nossas campanhas, que é estar junto de quem sofre e tem seus direitos violados, até que a justiça seja feita!”, explica Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil.
Para resgatar essas memórias, Carol inicia o filme em Estocolmo, onde César recebeu asilo político por dois anos após sair da prisão. É lá também que a diretora reencontra Marianne Eyre, membro da Anistia Internacional desde 1966, com quem Iramaya trocava cartas regularmente e de quem se tornou amiga e confidente. O filme, narrado pela diretora, é entremeado, sobretudo, pelas leituras dessas cartas, depoimentos de Iramaya captados em diferentes momentos, fotografias, e imagens raras de arquivo (incluindo a emocionante chegada de César à Suécia e de seu encontro com o irmão Cid, também um exilado político).