Crítica | O Halloween do Hubie – Uma paródia despretensiosa de clássicos do terror

Quando o nome de Adam Sandler está envolvido em uma produção de comédia, é bom se preparar para múltiplas experiências, tanto boas quanto ruins (em sua grande maioria). O astro da Sessão da Tarde já entregou tanta presepada durante a carreira, que é complicado esperar qualquer coisa que não seja um filme vazio e superficial, com humor pastelão e exagerado e que acaba divertindo involuntariamente por tamanha falta de noção. Pois bem, é exatamente assim sua mais nova empreitada: a comédia ‘O Halloween de Hubie’ (Hubie Halloween), desenvolvida para a Netflix.

O filme explora uma nonsense e absurda noite de Dia das Bruxas em uma cidade maluca nos Estados Unidos. Porém, com um importante adicional: o longa, de tão ridículo e ilógico, funciona que é uma beleza no que se propõe e surpreendentemente diverte ao nível ‘Todo Mundo em Pânico’.

A trama e o elenco

Na proposta hilária, Sandler (que segue com o mesmo humor exagerado e irritante de costume), vive o tímido e retraído Hubie, um adulto que se comporta como criança e sofre bullying de todos da cidade por ser “estranho”. No entanto, a noite favorita do ano de Hubie é o Halloween, porém, esse ano, coisas bizarras estão acontecendo após um maníaco (na vibe Michael Myers) ter fugido do presídio e retornado para causar na cidade de Salem. Nessa premissa, que funciona quase como um greatest hits da carreira de Sandler, o engraçado Hubie brinca de Scooby-Doo e precisa solucionar os mistérios que o cercam antes que a noite acabe.

Além do astro da comédia, o longa tem um elenco enorme de famosos, entre eles, Steve Buscemi (Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas), Ben Stiller (Uma Noite no Museu) e Maya Rudolph (Missão Madrinha de Casamento), veteranos que agregam muito valor ao humor, ainda que seja desenvolvido sem nenhuma sutileza e repleto de situações embaraçosas e surreais, algo que permite uma liberdade criativa enorme ao roteiro brincalhão. Através disso, desse mundo de possibilidades, quase como um desenho animado, onde as consequências não existem, uma garrafa térmica, por exemplo, pode se tornar o cinto de utilidades do nosso herói protagonista. E ai de quem gastar os neurônios para questionar as decisões. Sem explicações profundas, o importante é apenas aceitar as peripécias e tentar se divertir.

A direção e as camadas profundas

Por trás de toda uma camada grudenta de humor exagerado, o longa faz referências divertidas à clássicos do cinema e estabelece uma atmosfera de “filme para ver com os amigos na noite de Halloween” que envolve e cativa muito facilmente. Há muito carisma envolvido, tanto no elenco, quanto na trama sem pretensão alguma de ser qualquer coisa senão um filme infantil sobre amadurecimento, ainda que explore essas questões em segundo plano (e com o uso de um homem adulto infantilizado!).

A condução de Steven Brill (Zerando a Vida), um diretor já acostumado com o clima de “tudo é possível” do começo dos anos 2000, consegue intrigar, ainda que a premissa seja alongada para a trama ocupar mais tempo de tela e, com isso, dá voltas e mais voltas em torno do desenvolvimento lento do protagonista e as humilhações que sofre. No entanto, apesar dessa trajetória arrastada, curiosamente não cansa, muito por conta do constante bombardeamento de piadas na cara do espectador.

Conclusão

Com isso, ‘O Halloween do Hubie’ tem um humor tão escrachado e galhofa, que dá a volta e se torna uma paródia despretensiosa de clássicos do cinema de terror. Adam Sandler se sente em casa e está exagerado e absolutamente irritante, ou seja, nada além do habitual e, por conta disso, agrega uma energia cômica à uma trama nonsense, que celebra o absurdo e conquista por ser assustadoramente estúpida.

Nota: 6

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