“Fico te devendo uma carta sobre o Brasil”, primeiro longa-metragem de Carol Benjamin, foi selecionado para a mostra competitiva oficial do 25º É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários. As exibições em São Paulo serão dia 27 de março, às 21h00, com reprise dia 31 de março e no Rio de Janeiro o filme será exibido dia 04 de abril, às 20h30. A reprise será 05 de abril.
“Será nossa primeira experiência com o público brasileiro, e mostrar o filme no Brasil certamente terá um sabor todo diferente. Minha maior motivação é alimentar o debate sobre o direito à verdade e à memória das vítimas da violência estatal no Brasil – não só na ditadura, mas até os dias de hoje”, diz Carol Benjamin.
O filme conquistou a menção especial do júri no 32ª IDFA – Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, o maior festival do mundo dedicado ao gênero, onde teve sua estreia mundial. Também foi selecionado para o Festival Tempo de Documentários, na Suécia, e para o Festival Internacional de Filmes e Fórum de Direitos Humanos, na Suíça, que acontece junto com a convenção da ONU.
A diretora revela a história das três gerações de sua família, que foi atravessada pela ditadura militar que se instalou no Brasil entre 1964 e 1985. Seu avô era coronel do Exército. Seu pai, César Benjamin, foi preso ilegalmente aos 17 anos, em 1971, e permaneceu por três anos e meio em uma cela solitária, além de mais dois anos em prisão comum. Mas a prisão e tortura do filho mais novo transformou a dona de casa Iramaya Benjamin, avó da diretora, em uma militante incansável pela anistia.
Devido à pressão de Iramaya e excepcionalidade do pleito, o caso de César foi logo adotado pela Seção Sueca da Anistia Internacional. Em 1976, quatro anos depois, ele foi considerado “Prisioneiro da Consciência”, o principal caso do ano para todas as sessões da Anistia Internacional global. A forte pressão levou o governo brasileiro a exilar César para a Suécia nesse mesmo ano.
Para resgatar essas memórias, Carol inicia o filme em Estocolmo, onde César recebeu asilo político por dois anos após sair da prisão. É lá também que a diretora reencontra Marianne Eyre, membro da Anistia Internacional desde 1966, com quem Iramaya trocava cartas regularmente e de quem se tornou amiga e confidente. O filme, narrado pela diretora, é entremeado, sobretudo, pelas leituras dessas cartas, depoimentos de Iramaya captados em diferentes momentos, fotografias, e imagens raras de arquivo (incluindo a emocionante chegada de César à Suécia e de seu encontro com o irmão Cid, também um exilado político).
A produção é da Daza Filmes, com coprodução do Canal Brasil, VideoFilmes e Muiraquitã Filmes. A distribuição é da Bretz Filmes com previsão de estreia para o primeiro semestre de 2020.