A Mãe, novo longa de Cristiano Burlan, está em filmagem em São Paulo

Maria (Marcelia Cartaxo), uma migrante nordestina que vive na periferia de São Paulo, trabalha como camelô no centro da cidade. Após um dia exaustivo, ela volta para casa e não encontra seu filho Valdo. Depois de procurar na vizinhança e na polícia, onde não obtém nenhuma resposta, ela procura o traficante local, que diz que o filho foi assassinado pela polícia. Incrédula, Maria inicia uma busca incessante para descobrir o paradeiro do filho.

“A MÃE” encontra-se em sua terceira semana de filmagem e dá continuidade ao trabalho desenvolvido por Cristiano Burlan, através de documentários e ficções, para trazer humanidade para essas populações periféricas: “Meu irmão foi assassinado pela polícia em 2001. Dois anos depois, fiz o documentário “MATARAM MEU IRMÃO”. Em 2012, minha mãe foi morta pelo namorado e em 2017 fiz “ELEGIA DE UM CRIME”. Minha história não é uma exceção. A impunidade, o preconceito, a desigualdade, a mídia e os governos transformam essas vidas em números. Mas por trás das estatísticas existem irmãos, amigos, mães e filhos”, diz Burlan.

“A MÃE ” é um longa metragem de ficção sobre o desespero de uma mãe que fará de tudo para recuperar o filho desaparecido. Estrelado por Marcélia Cartaxo, vencedora do urso de prata de melhor atriz no festival de Berlim, e dirigido por Cristiano Burlan, o filme é um mergulho intimista na vida e no luto de uma mulher que ao ver a vida de seu filho abreviada, precisa enfrentar a burocracia opressora das grandes metrópoles para poder vê-lo uma última vez.

O projeto, iniciado em 2013, participou de laboratórios de desenvolvimento como o 7o Brasil CineMundi e Cinema en Develpment no 29o Cinelatino de Toulouse e foi contemplado no Fomento ao Cinema Paulista de 2017, promovido pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, em conjunto com a Sabesp, e pelo Fundo Setorial do Audiovisual – Produção de Cinema 2018.

A ditadura civil-militar brasileira terminou há mais de 30 anos. Contudo, a polícia militar, a mais letal do mundo, é uma das instituições remanescentes desse trágico período de nossa história. O genocídio perpetrado contra uma parcela específica da população – jovens, negros, pobres e periféricos – só vem aumentando nos últimos anos. Nas periferias brasileiras, existe uma figura central: as mães. Que dor pode ser mais profunda que o assassinato de um filho? E quando o crime é perpetrado pelo próprio Estado?

Desde o início do projeto, Cristiano sempre teve em mente o rosto de Marcélia Cartaxo – um rosto que reflete a dureza da vida, mas também sua inocência e compaixão. Além de Marcelia Cartaxo, o filme conta também com Helena Ignez, Henrique Zanoni, Ana Carolina Marinho, Kiko Marques, Hélio Cícero, Mawusi Tulani, Che Mois, Tuna Dwek, Carlos Meceni, entre outros.

Além de locações no centro de São Paulo, boa parte do filme será rodado no Jardim Romano. Localizado no extremo leste da cidade de São Paulo, o bairro possui uma efervescente vida cultural, especialmente com o Grupo de Teatro Estopo Balaio. Burlan já realizou dois filmes no Jardim Romano: “Estopo Balaio”, sobre a atuação do grupo no bairro, e “Batalha”, sobre o movimento de batalhas e improvisos das periferias – o filme teve sua estreia no 52o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

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