O filme “ADONIRAN – MEU NOME É JOÃO RUBINATO”, de Pedro Serrano, acompanha vida e a obra de Adoniran Barbosa (1910-1982), o maior nome do samba paulista, autor de sucessos como “Trem das Onze” e “Saudosa Maloca”. Por meio do acervo pessoal do artista, imagens de arquivo raras e depoimentos de amigos e familiares, o público poderá descobrir um personagem multifacetado, que retratou a sua São Paulo em canções e personagens de rádio. Tendo a cidade como coadjuvante, o documentário traça um paralelo entre a metrópole de hoje e aquela vivida por Adoniran. Numa jornada por seu universo criativo, cheio de controvérsias alimentadas por ele mesmo, revela-se, por trás da figura pitoresca e de fala engraçada, um artista profundamente sensível às mazelas do povo.
Confira o trailer e pôsteres do longa:
As músicas de Adoniran estão no imaginário e na memória de todos os brasileiros, são crônicas perfeitas da realidade do povo e muitas delas retratam a transformação da São Paulo provinciana numa megalópole ao longo do século XX. Escutando suas letras, o diretor de ADONIRAN – MEU NOME É JOÃO RUBINATO, Pedro Serrano, sempre achou que eram muito visuais e decidiu fazer o curta-metragem “Dá Licença de Contar” (que abrirá as sessões do documentário nos cinemas), uma viagem onírica pelo universo criativo do sambista.
O curta fez muito sucesso e acabou sendo o ponto de partida para desenvolver o filme em formato de longa-metragem. “Nesse meio do caminho senti a necessidade de me aprofundar no personagem Adoniran Barbosa, de conhecê-lo melhor e consequentemente apresentá-lo novamente ao público. Afinal, mais de três décadas passadas de sua morte, ninguém jamais havia feito um filme sobre o maior nome do samba paulista e, sorte a minha, essa bola sobrou pra mim” comenta o diretor.
ADONIRAN – MEU NOME É JOÃO RUBINATO contou com a ajuda de todos os familiares e amigos vivos do cantor para poder ser realizado e com uma extensa pesquisa de imagens de arquivo. Mesmo com a dificuldade de acesso aos arquivos da Cinemateca Brasileira, a equipe de produção conseguiu imagens raras de filmes em que Adoniran atuou nos anos 30, 40 e 50. Além disso, a equipe contou com o acervo pessoal do artista, que continha roteiros de rádio dos programas que ele fazia na década de 50, fotos, objetos pessoais e um material muito pitoresco da música “Figlio Unico”, a versão de enorme sucesso do “Trem das Onze” na Itália.
Por fim, com auxílio do Conjunto João Rubinato, foi possível colocar no filme gravações raras feitas por ele no começo de carreira e o trabalho deles “Adoniran em Partitura” que traz músicas inéditas encontradas pelo conjunto.
“Sou fã sim de Adoniran, mas acima de tudo sou um cineasta paulistano e sinto que essa era uma história que eu poderia contar com propriedade. Falar de Adoniran é falar de São Paulo e de alguma maneira de algo que me pertence; suas histórias que narram o desenvolvimento de uma cidade voraz onde tudo vai abaixo para dar lugar a um prédio fazem parte da história de todos nós que habitamos essa metrópole. Me lembro de ter contato com seus sambas pela primeira vez ainda na primeira infância, através do professor de música da escola e acredito que pra muita gente ocorre da mesma maneira, a obra dele é passada de geração em geração de forma oral e, assim, sua obra se torna parte da formação cultural paulistana e, porque não, brasileira. Acima de tudo, acredito que essa história merecia e deveria ser preservada e resgatada através do filme”, diz o diretor Pedro Serrano.
A obra vai além da figura do grande músico Adoniran Barbosa, é um filme sobre a pessoa Adoniran, o homem por trás do músico e poeta, e não fala apenas sobre seu papel no cenário musical. Intencionalmente, o diretor faz aqui um retrato humano e verdadeiro, que envolve todas as contradições inerentes a uma pessoa. Por mais que o espectador possa querer ver um filme sobre a conhecida figura divertida de Adoniran Barbosa, encontrará também nesse filme a história de João Rubinato, um poeta sensível e batalhador, para quem nem tudo era apenas brincadeira.