Todos somos uma grande somatória dos nossos erros. Claro que nossos acertos também são culpados da nossa formação, mas são com os tropeços durante a nossa jornada na terra que aprendemos a lidar com a sociedade ao nosso redor. Com um personagem falho e autodestrutivo, Bojack Horseman conseguia bem fazer enxergar o que há de pior em nós e ainda assim amar o cavalo protagonista. Na primeira metade de sua última temporada, a animação da Netflix mostra que não importa o quanto você erra, sempre há espaço para melhorar.
Internado em uma clínica de reabilitação, Bojack aprende, mesmo que vagarosamente, como lidar com seus problemas e assumir a responsabilidade pelos atos que cometeu. Em uma jornada de culpa e negação, vemos pela primeira vez uma reação positiva diante de uma vida regrada a drogas e álcool. Enquanto isso, o elenco de apoio começa a ficar mais tridimensional em um sentido de deixar de serem as muletas de Bojack e passarem a ter mais problemas trabalhados em tela.
O trabalho de dublagem continua impecável. Will Arnett poderia ser facilmente indicado a um prêmio de atuação, pois muito do peso dramático do desenho vem dele.
A animação também merece seu reconhecimento por seguir com seu trabalho genial de narrativa durante todas as suas temporadas. Desenhos sempre tiveram a prerrogativa de mais liberdade na maneira de como se conta uma história de Bojack eleva isso a enésima potência.
Entre metalinguagem, flashbacks e devaneios, a produção original da Netflix entrega uma verdadeira aula sobre depressão e uma ácida sátira sobre o vazio mundo das celebridades americanas.
O caminhar da trama parece trazer surpresas para o público e o protagonista e realmente nos deixa na dúvida se a conclusão da história será feliz ou algo mais pé no chão como temporadas anteriores.
Com uma segunda metade a menos de 4 meses de estrear, Bojack Horseman caminha para ser uma das melhores coisas já feitas para televisão e facilmente a melhor obra já feita pela Netflix.