Filmes com falsários geralmente tendem a buscar surpreender a plateia com reviravoltas e revelações sobre os protagonistas. Curiosamente isso virou um padrão tão grande que o público já espera isso assistindo produções desse tipo. A Grande Mentira entende como deve funcionar um filme no qual o protagonista é um golpista e opta por uma saída mais dramática para prender os espectadores na poltrona do cinema.
No filme dirigido por Bill Condon, acompanhamos a vida de Roy Courtnay (Ian McKellen), um golpista experiente que vê a chance de ficar rico aplicando um golpe na recém viúva Betty McLeish (Helen Mirren). Fingindo ser um idoso doente, ele ganha a simpatia de Betty e passa a fazer parte da vida dela, para poder lhe arrancar os milhões de libras que ela tem no banco.
Sem muitas pretensões, A Grande Mentira se destaca pelo casal de protagonistas. Mirren e McKellen dão um show de entrosamento e, mesmo com o público sabendo que Roy é um golpista, é inevitável não adorar os dois juntos interagindo como velhinhos que gostam um do outro.
Ian McKellen se destaca mais a princípio por conseguir mostrar a face gentil que demonstra para Betty e alternar essa faceta com o lado sombrio de alguém que ganha a vida enganando os outros.
É justamente esse contraste que acaba se tornando o grande trunfo do filme. A trama principal caminha quase como uma comédia romântica e todo momento mais sério do personagem Roy dá um choque no tom mais leve do filme.
É nisso que a grande reviravolta do filme se baseia. Ao invés de um simples plot twist, a trama se torna mais densa e acaba deixando o espectador confuso sobre como interpretar o filme.
Infelizmente isso pode parecer jogado justamente pela falta de um desenvolvimento disso no andar da história. Ao optar pela mudança brusca, o filme sacrifica o desenvolvimento.
Mas, no fim das contas, A grande mentira é um filme que diverte e mantém o espectador preso durante suas quase duas horas de duração.