Crítica | Os Exterminadores do Além Contra A Loira do Banheiro

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De modo geral, todos os gêneros cinematográficos estão sujeitos a serem parodiados, afinal, a estrutura narrativa anda tão semelhante e repetitiva, que se torna fácil desenvolver um roteiro apenas ironizando os clichês de tais produções. Esse foi o elemento chave de franquias de sucesso como ‘Todo Mundo Em Pânico’, que passou por altos e baixos, mas que se perdeu, ironicamente, tentando ser engraçado demais ao lidar com estereótipos

. Dessa fonte perigosa, também bebe o curioso ‘Os Exterminadores do Além Contra A Loira do Banheiro’, longa-metragem nacional que se arrisca não apenas em juntar terror B com comédia pastelão, mas também em parodiar ambos os gêneros.

Na trama, três youtubers e um assistente, especialistas em caçar supostos fantasmas, são convocados para ir até uma escola solucionar o misterioso caso da temida e lendária “Loira do Banheiro”, visando apenas reconhecimento para o canal e dinheiro, porém, quando chegam ao local, as coisas estão mais complicadas e macabras do que estavam esperando. De início, a ideia é boa e começa de forma divertida, seguindo um bom ritmo ao apresentar os protagonistas, suas dificuldades financeiras e frustrações por serem considerados charlatões, porém, as chances de dar certo diminuem gradativamente, ainda mais quando o roteiro tenta abraçar ambos os gêneros de forma desesperada.

Ao chegar na escola, a trama cresce, naturalmente, mas dá o primeiro passo rumo à perda de interesse, mesmo seguindo um ritmo bom durante o percurso. A direção de Fabrício Bittar (Como se Tornar o Pior Aluno da Escola) é eficaz na proposta, que mostra amplo conhecimento com terror, ao escolher planos típicos do gênero, cortes rápidos e muitos sustos à base de cansativos jump scares, auxiliado pela montagem, que lembra filmes ritmados como o fantástico ‘Todo Mundo Quase Morto’, que certamente serviu de inspiração, em especial na cena em que os personagens estão bolando um plano para saírem vivos da escola.

E por falar nos personagens, há momentos constrangedores sim, porém, algumas atuações (surpreendentemente) estão boas, muito devido ao fato do elenco ser composto por comediantes, que possuem time cômico aguçado e se mostram confortáveis trabalhando juntos. O texto flui naturalmente e, consequentemente, as piadas são mais espontâneas, mesmo que excessivas ao longo da história, sendo muitas desnecessárias, tanto para a fluidez da trama, quanto pelo teor ácido e inconveniente, que evidentemente foram escritas com o intuito de cutucar polêmicas como pedofilia, HIV e aborto, sendo algumas também de cunho machista e homofóbico. Ousadia, talvez, mas não deixa de ser decepcionante ver um filme nacional, com qualidade de blockbuster estrangeiro, ironizar tais assuntos, ainda mais nos dias que estamos vivenciando. A arte não necessita ser politicamente correta, nem por isso precisa ser tão incorreta e ignorante.

Polêmicas a parte, destaque do elenco fica mesmo para Murilo Couto e Léo Lins, que se entregam as piadas absurdas e desenvolvem personagens com mais camadas, mesmo o roteiro não permitindo tanto aprofundamento, sendo que o personagem de Murilo é o único a passar por uma jornada crescente ao longo da trama. Já Danilo Gentili, força tentando ser divertido e diverte tentando atuar bem. Caricato demais, mesmo sendo em partes proposital, seu personagem é sem carisma, sabichão e enjoado. Fator que, consequentemente, não nos faz torcer por sua presença na trama. Como ator, é um ótimo apresentador de TV. E, claro, Dani Calabresa é desperdiçada com pouco tempo em tela, sendo que seu talento hilário poderia ter rendido os melhores momentos do roteiro, uma pena.

No meio do caos, até há piadas boas e um humor inteligente aqui e ali, que funcionam quando o roteiro utiliza clichês do gênero para mostrar os próprios problemas, rindo de si mesmo em diversos momentos. Um exemplo: nas cenas com o ator Antonio Tabet, que brinca com as convenções clássicas do terror, como fazer sexo antes de morrer nos longas, rendendo momentos hilários, fora quando o elenco quebra a quarta parede e sabe que está em um filme. Caminho que poderia ter sido melhor explorado e que, sem dúvida, faria a trama seguir para um lado menos forçado, afinal, convenhamos que a proposta do longa é nova por aqui e a produção acerta em pontos difíceis, como o exorbitante banho de sangue falso, visualmente interessante e alucinante, assim como a boa maquiagem dos possuídos e direção de fotografia bem realizada.

Tirando a duração cansativa (que teria sido ideal se tivesse 20 minutos a menos), o elenco infantil, em especial o ator Matheus Ueta, que serve apenas como deus ex machina do roteiro, completamente descartável para desenvolvimento da narrativa, e cenas sem sentido algum, como a que um personagem morre “atacado” por bolas, filmada de forma demasiadamente longa, alguns elementos funcionam isolados e acabam não permitindo que o longa seja completamente descartável, divertindo e entretendo, mesmo que as cenas de terror propriamente ditas, envolvendo a vilã (vivida pela atriz mirim Pietra Quintela), mais parecem tiradas de pegadinhas de sustos do Silvio Santos.

No fim das contas, ‘Os Exterminadores do Além Contra A Loira do Banheiro’ quer incansavelmente fazer homenagens à filmes como ‘Os Caça-Fantasmas’ e ‘A Morte do Demônio’, mas segue para um humor nonsense, que beira o absurdo ao acreditar que está divertindo. Apesar disso, o terror trash e a comédia sem filtro devem conquistar quem busca rir sem reflexão.

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