Crítica | Parque do Inferno

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Gradativamente, estamos percebendo que os velhos hábitos da clássica narrativa do cinema de terror não está mais funcionando como antigamente, afinal, após ser replicada centenas de vezes ao longo de todos os anos, não tem realmente como não se cansar dos mesmos clichês e erros cometidos por mais da metade dessas obras. A sensação que fica, é que os realizadores talvez não tenham tido tempo de assistir outros filmes para ver o que funciona ou não em cena, ou, talvez tenham assistido até demais, se esquecendo que o fator originalidade também é fundamental. ‘Parque do Inferno’ (Hell Fest) só exemplifica ainda mais essa falta de comprometimento, se tornando um ótimo objeto de estudo.

O terror é tão genérico, que já existe até mesmo outro filme extremamente semelhante chamado ‘Blood Fest’, coincidentemente também lançado esse ano. Ambos seguem a mesma estrutura de roteiro, sendo que um pendura mais para a comédia de horror e, ‘Parque do Inferno’ se arrisca no âmbito do suspense adolescente, bebendo da fonte de filmes como ‘Pânico’ e ‘Halloween’, na verdade, replicando elementos que funcionaram nesses dois do começo ao fim, na tentativa de ser um bom slasher movie. Antes tivesse partido para a comédia, talvez o acerto fosse maior.

Na trama, jovens americanos de férias da escola partem para uma aventura durante a noite de Halloween no megalomaníaco “Parque do Inferno”, uma espécie de Disney do terror, focado em assustar adolescentes que buscam altas emoções. Partindo desse princípio, todo o restante do roteiro é construído em cima de clichês, desde a jovem inocente e boazinha que se torna a final girl, vivida pela inexpressiva Amy Forsyth, passando por atitudes e escolhas contestáveis dos personagens em situações de perigo, até o vilão caladão, lento e sem objetivo aparente senão matar até amanhecer.

Fora isso, a trama não avança em momento nenhum, mesmo que toda a história se passe em apenas uma noite, nada vai para frente, se tornando um amontoado de cenas parecidas entre si, dentro de brinquedos que causam tanto medo quanto qualquer parque de diversões de baixo orçamento. Todos os sustos, sem exceção, são feitos na base de jump scares, ou seja, podemos perfeitamente antecipá-los antes que a música suba ao máximo e a cara do vilão possa aparecer na tela, não deixando espaço nenhum para a boa construção de medo que fazem bons filmes serem bons filmes. O diretor Gregory Plotkin (Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma) opta por deixar as sutilizas de lado e investe em mostrar o máximo possível do tão temido assassino, algo que faz perder rapidamente o interesse por tal personagem e, consequentemente, deixa suas aparições excessivas e previsíveis.

No meio do tédio, a direção de fotografia acerta ao utilizar muito vermelho e verde, somada aos cenários medonhos e escuros e a boa direção de arte, elementos que não permitem que o longa seja completamente descartável. Até mesmo a direção de Plotkin busca fazer o máximo possível com o pouco que tem em mãos, arriscando ângulos elegantes, como um plano holandês bem feito, por exemplo. O elenco também possui uma boa química juntos e até arrancam algumas risadas, já que separadamente todos são problemáticos e enjoados, em especial Taylor, vivida pela Bex Taylor-Klaus (Scream). Outro acerto fica na tentativa de criar tensão e confusão na cabeça dos personagens, que não sabem se as cenas de violência são reais ou fazem parte das atrações do parque. Aspectos que mostram que o terror até se esforçou para sair da mesmice, mas o roteiro achou menos arriscado abraçar os clichês do fazer algo inteligente.

No fim do passeio, ‘Parque do Inferno’ acumula momentos de tédio e apresenta mais do mesmo, quando tinha a chance de ser uma viagem ao inferno, acaba é sendo uma viagem só de ida ao fantástico mundo do “eu já vi isso acontecer antes”. Pouco cativante, nada original e, definitivamente, longe de ser tão assustador quanto todos os clássicos que busca homenagear.

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