Crítica | Operação Overlord – Uma dose alucinante de puro caos

Unir dois gêneros cinematográficos distintos é um desafio para poucos, na verdade, conseguir manter o equilíbrio entre os dois é a parte mais complexa. Quando não é sucedido, temos obras que aparentam ser uma coisa e no fim das coisas é outra, no entanto, quando o trabalho é bem realizado, temos filmes como ‘Operação Overlord’, um perfeito híbrido entre terror gore com zumbis e filme de guerra.

Com direção do novato Julius Avery, que tem um pé em obras de guerra, e produção de J.J. Abrams, a mente por trás de alguns bons filmes de suspense/ficção científica como ‘Super 8’ e a franquia ‘Cloverfield’, o longa propõe uma aventura de guerra por um cenário assustador, mostrando uma tropa americana designada para uma missão crucial em território inimigo, porém, o que não estavam esperando seria encontrar um lugar misterioso onde macabros experimentos são feitos em pessoas. A situação sai do controle e é preciso mudar a missão para sobreviver ao terrível local.

A proposta é genial, de fato, o roteiro parte de um caminho pouco explorado no cinema que é unir terror com guerra, porém, mal vendido, já que todo o material de divulgação estragou parte da experiência que seria descobrir que o filme é, na verdade, outra coisa, similar ao que ‘Rua Cloverfield, 10’ fez, entregando um desfecho surpreendente. Tal fato poderia ter contribuído para que o projeto fosse menos previsível e muito mais cativante.

Dito isso, há sim inúmeros acertos na trama de Operação Overlord, apesar do excesso de cortes rápidos e confusos, principalmente durante a noite, as cenas de ação no meio do caos da guerra são ótimas, filmadas com estilo pelo diretor, que utiliza planos sequência estilosos e uma enérgica e angustiante cena de abertura dentro de um avião prestes a cair. Já no terror, apesar de utilizar recursos batidos como jump scares, o susto é evidente e a construção do suspense é eficaz e contribui para prender nossa atenção nos momentos mais tensos, ressaltado pela trilha sonora épica. O elenco também contribui para nos envolvermos. Os atores possuem boa química e os personagens são carismáticos na medida do possível. Jovan Adepo (Jack Ryan) é talentoso e passa a emoção cabível ao protagonista.

Porém, as falhas existem e são a razão pela qual o filme não entrega o máximo de si. O roteiro, mesmo que bem amarrado, possui inúmeros problemas, sempre facilitando os caminhos para os protagonistas alcançarem seus objetivos da forma mais banal possível, se desprendendo de elaborados planos para apenas seguir o famoso “o que der na telha”, fazendo com que a sorte sempre esteja ao lado do bem. Fora que é previsível e se encharca de elementos clichês e batidos do gênero, como por exemplo o “vilão”, megalomaníaco e sem objetivo, vivido por Pilou Asbæk (Game Of Thrones). Na tentativa de criar um antagonista assustador, acabou se recriando um personagem que poderia facilmente ser o Abominável, de ‘O Incrível Hulk’ (2008), já que os tão temidos “zumbis” mais parecem ter sido expostos ao soro de Supersoldado do Capitão América do que qualquer outra coisa.

Contudo, a falta de inteligência do roteiro felizmente não se sobressai ao nível de loucura que a trama nos leva, garantindo momentos insanos e divertidos ao longo da jornada, não permitindo que seja arrastado ao mesmo enjoado, o nível de tensão vai ao máximo e o conjunto da obra pesa para o lado positivo. A violência gráfica e o modelo da trama lembram muito jogos de 1ª pessoa de guerra, do começo ao fim nos sentimos dentro de um desses jogos, parte de previsibilidade do roteiro, mas que diverte e entretém no fim das contas.

Sendo assim, ‘Operação Overlord’ une mundos cinematográficos distintos de forma interessante e equilibrada. É insano, caótico e violento, fora que consegue perfeitamente satisfazer as expectativas de puro escapismo. Diversão garantida e uma dose alucinante de caos.

Nota: 8/10

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