Crítica | O Mau Exemplo de Cameron Post

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A adolescência é uma fase de descoberta, um período de nossas vidas onde as respostas para nossas maiores perguntas começam a surgir e, junto delas, vem também nossos desejos e aflições, talvez seja por isso que o cinema tanto explora essa época, pela variedade de sentimentos que podem ser abordados dentro de um único filme. E quando o caminho mais tortuoso é escolhido, surge então uma obra excepcional e necessária como ‘O Mau Exemplo de Cameron Post’ (The Miseducation of Cameron Post).

Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance, o drama dirigido por Desiree Akhavan mostra a vida da jovem Cameron (Chlöe Grace Moretz) que, após ter sido pega no flagra fazendo sexo com uma amiga por quem é apaixonada, é mandada por sua tia conservadora para um retiro religioso para se submeter a chamada “cura gay”, no entanto, a jovem entra em conflitos internos sobre sua sexualidade e começa a retrair seus desejos naturais, se rendendo a um doloroso abuso emocional por parte da instituição.

A discussão não poderia ser mais atual e necessária, afinal, a doutrina religiosa tem se tornado comum dentro de escolas do mundo todo e o roteiro, inspirado no best-seller da autora Emily M. Danforth, aborda temas de extrema importância, como a ausência de educação sexual nas salas de aula e a homossexualidade como doença e, sendo assim, havendo uma possível “cura” para corrigir o desejo pelo mesmo sexo. Se vendo nessa situação e ainda se entendendo como mulher, Cameron sofre ao retrair seus sentimentos e reduzir suas vontades ao zero para “ser aceita” dentro de um contexto social imposto pela religião.

Mesmo com fortes personagens que passam por dramas similares ao retraírem suas orientações sexuais, o destaque mesmo fica para a talentosa Chlöe Grace Moretz, talvez vivendo o papel mais profundo e dramático de sua carreira, e olha que ela tem apenas 21 anos. Aqui, entrega uma personagem cheia de camadas e sua atuação sutil e pontual, com muitas expressões faciais, nos emociona e nos coloca na pele de Cameron. Outro destaque positivo fica para Jennifer Ehle, que vive a doutora Lydia Marsh, mulher que afirma ter conseguido converter seu irmão gay Rick (John Gallagher Jr.) em hétero e promete o mesmo para jovens que estão “sofrendo” para se entender, sendo que nem mesmo ela sabe o que está fazendo além de encher a cabeça de todos com passagens bíblicas para justificar sua decisões contestáveis.

O trabalho de direção é modesto, sempre filmando Moretz em planos close, o que aumenta a sensação de intimidade e nos aproxima da personagem. Assim como a direção de fotografia, não exuberante por não necessitar ser, já que a força do longa está em seu texto, algo similar a boa comédia romântica ‘Com Amor, Simon’, que trata da temática LGBT+ de uma maneira tão natural e gentil que não necessita uma produção maior. Nesses casos, menos é mais. Até mesmo a comédia, algo inesperado nesse contexto, surge de situações tão ridículas que chegam a ser hilárias, arrancando boas risadas das piadas certeiras do roteiro, sem forçar de barra.

Com todas as suas delicadezas, ‘O Mau Exemplo de Cameron Post’ é um excelente drama feminino sobre uma jovem gay que busca a felicidade e a aceitação dentro de si mesma, presa em um mundo conservador e tóxico. Divertido sem querer ser, triste por necessitar ser e, acima de tudo, feito para uma geração de jovens que não abaixam mais a cabeça para o preconceito e a falta de empatia. Daqueles filmes dolorosos, que fica no coração e na memória para sempre.

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