Crítica | A Casa do Medo: Incidente em Ghostland

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Desde que lançou sua obra mais chocante, ‘Mártires’, em 2008, o diretor Pascal Laugier já demonstrava dominar a arte de subverter o gênero terror para algo mais profundo, macabro e sangrento. Diferente de muitos diretores que não conseguem sair do lugar comum, Laugier é profundo conhecedor das regras básicas do gênero, o que o permite ousar um pouco mais. Toda essa dedicação para inovar também resultou no interessante ‘A Casa do Medo: Incidente em Ghostland’, seu novo trabalho que, apesar de brincar com muitos clichês de casas assombradas e serial killers, consegue se sobressair e ter vida própria.

A trama gira em torno de uma mãe que herda uma casa de sua tia e decide mudar para lá com suas duas filhas. No entanto, o lugar não é exatamente amigável como se esperava e, logo na primeira noite, a família é atacada por violentos invasores, o que acaba resultando em uma série de acontecimentos que irá marcar a vida de todas para sempre. Até aí, tudo bem comum dentro do gênero, porém, o ponto forte é como o diretor decide contar essa história, com saltos temporais e uma trama não-linear que intriga ao mesmo tempo em que acrescenta aquela dose gostosa de ousadia.

A paisagem macabra do lugar, somada a boa fotografia escura, com realces de cores como marrom e vermelho, dão a história um ar sinistro e uma textura de podridão, que também reflete as personalidades das jovens protagonistas. Taylor Hickson, que vive a versão jovem de Vera, é carismática e talvez tenha sido a pessoa do elenco que mais sofreu durante as gravações, causando uma enorme polêmica ao ser gravemente ferida no rosto após atravessar uma janela de vidro que a produção garantiu ser segura, deixando a obra ainda mais tensa. Já Emilia Jones consegue convencer com uma boa atuação vivendo a jovem Beth, no entanto, o destaque mesmo fica para Crystal Reed, que possui as partes mais desafiadoras do roteiro.

Boa parte do primeiro ato do filme apresenta uma história violenta e brutal, que se modifica quase que completamente depois. São cerca de 18 minutos até a revelação do que estávamos realmente assistindo até então, abrindo espaço para a construção de uma nova história dentro da existente. Um triunfo difícil de se fazer no gênero e que merece atenção. Se a trama não te fisgou até lá, definitivamente vai te manter mais interessado a partir desse momento de virada.

Outro grande acerto fica para a cenografia, que consegue criar ambientes macabros com objetos e artefatos do dia-a-dia, como a cena das bonecas, assustadora e marcante, supervalorizados pelos belos planos realizados pelo diretor e a montagem, com câmera na mão nas cenas mais angustiantes e planos mais lentos durante alguns diálogos dramáticos. A sensação geral é que tudo soa como um enorme e mórbido pesadelo que entramos e não conseguimos mais sair.

Mesmo com momentos de susto, ‘A Casa do Medo: Incidente em Ghostland’ se dedica mais ao violento do que ao sobrenatural, assumindo ares de slasher movie, similar ao ótimo ‘A Casa de Cera’ (2005), fator que ajuda a trama a se destacar dos demais filmes similares, porém, seria interessante experimentar um pouco mais da obscuridade que o roteiro se propõe. No demais, o longa é bem construído, sabe assustar no momento certo, sem apelar o tempo inteiro para os famosos jump scares e mostra que o gênero terror ainda tem muitos caminhos curiosos para seguir, basta encontrar realizadores interessados em fazer o máximo possível com o pouco que tem em mãos. E ‘Incidente em Ghostland’ é um ótimo exemplo disso.

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