Crítica | Han Solo: Uma História Star Wars

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Seguindo o plano da Disney de explorar o universo de Star Wars com spin-offs, desenvolvendo personagens e histórias paralelas à franquia principal, eis que chega às telonas Han Solo: Uma História Star Wars, com o objetivo de mostrar as origens do famoso contrabandista e as peculiaridades dos momentos que viveu para chegar onde o vimos pela primeira vez, naquela cantina de Mos Eisley – e chega carregado de polêmicas, problemas de produção e questionamentos.

O novo derivado tem a proposta de mostrar Han em processo de construção, começando por sua vida infeliz e carregada de lutas diárias em Corellia, passando por como conheceu Chewbacca, como recebeu sua famosa pistola e claro, destacando o famoso percurso de Kessel e como conseguiu ficar com a Millennium Falcon.

Logo de início, já é perceptível que este é um filme que depende exatamente desses ganchos de fan service, servindo apenas para colocar em tela tudo aquilo que as pessoas já sabiam acerca do contrabandista – mas o fazendo sempre da maneira mais simplista e genérica possível. Além do percurso de Kessel, que é o grande momento do filme, peculiaridades como “Han atirou primeiro” ou até mesmo o primeiro encontro entre Han e Chewie são mal construídos e apostam apenas no easter-egg gratuito.

Os fan services, apesar de parecerem interessantes para as pessoas da velha guarda, fãs dos filmes originais, não são tão cativantes como em O Despertar da Força, por exemplo, que aposta na nostalgia ao mesmo tempo que concilia uma passagem de bastão. Nesta história de Han, todos os easter-eggs são elementos já antecipados em Star Wars IV: Uma Nova Esperança. E verdade seja dita: o filme entrega respostas que poucas pessoas gostariam de realmente saber – com direito ao sobrenome Solo ganhando uma origem bizarra.

Enquanto esses fracos fan services ganham espaço em tela, as possíveis virtudes do filme perdem espaço. O relacionamento de Han com Chewie, que poderia ser muito melhor desenvolvido, fica em segundo plano e parece bastante superficial. A mesma coisa acontece com a apresentação da baixa classe social em que estão os contrabandistas. Apesar de pincelar rapidamente o grupo de que Han faz parte, o longa acaba deixando de canto possíveis desenvolvimentos a serem dados à “ralé da sociedade”, o que renderia um clima muito mais interessante e inovador.

Além da fraca trama, que segue nesta linha de querer arranjar alguma explicação para tudo, a direção de Ron Howard é totalmente desconsoante. O diretor se perde na maioria das cenas de ação, especialmente na mais importante de todas, que conta a história do percurso de Kessel. Em cenas menos espalhafatosas, Howard consegue compensar, mas ainda assim, parece não entender como comandar as câmeras na ação – ou seja, na maior parte do tempo. A fotografia de Bradford Young acompanha o trabalho ruim, sendo genérica e indecisa, com uma paleta de cores que segue o cinza pálido de Rogue One, mas simplesmente não encaixa com a proposta “colorida” desejada.

A verdade é que a produção deste filme como um todo foi cheia de problemas, com os diretores originais Chris Miller e Phil Lord abandonando o cargo; depois, boatos surgiram que Alden Ehrenreich não estava dando conta de interpretar Han. Felizmente, esses rumores se provaram errado, visto que o ator consegue, sim, trazer as peculiaridades que Harrison Ford criou para o personagem. É claro que é impossível emular aquilo que foi feito pelo ator original – e esse nem era o plano -, mas Alden consegue ser Han nas pequenas coisas: com a risada que puxa os olhos, gestos e até mesmo o jeito mandão e indeciso. Com Lando Calrissian, interpretado por Donald Glover, acontece a mesma coisa.

Infelizmente, tanto um quanto o outro acabam ressoando mal – principalmente pelos diálogos ruins – e soam como cosplays feitos por uma nova geração. Eles fazem, sim, um bom trabalho, mas a falta de estofo para a trama e o fato de que praticamente ninguém em tela acaba sendo desenvolvido decentemente faz com que tudo no filme pareça vazio e genérico. A personagem de Emilia Clarke é a única que faz contraponto a isso, com desenvolvimento sutil, mas ainda assim funcional. Ela parece ter mais peso em tela justamente por conta da profundidade que carrega.

No fim de tudo, Han Solo: Uma História Star Wars é aquele típico filme que poucos queriam, mas na realidade, ninguém precisava ver. Além de causar uma clara saturação da marca Guerra nas Estrelas – com a falta de criatividade em vista e uma óbvia busca por caça-níquel -, o derivado também mexe em elementos desnecessários da origem do contrabandista, deixando de lado desenvolvimentos e relacionamentos que seriam mais interessantes de serem contados. Nunca antes um filme de Star Wars tinha tão poucos elementos de Star Wars. É uma pena, mas parece que este derivado está em uma galáxia muito, muito distante, daquela que gostaríamos…

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