Crítica | Desventuras em Série – 2ª Temporada

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“Desvie o olhar, desvie o olhar”, é assim que a entrada de Desventuras em Série se inicia, com Conde Olaf (Neil Patrick Harris) dizendo o quão mal te fará assistir isso  e contando as enrascadas que os irmãos Baudelaire vivem. Além dele, o narrador onipresente Lemony Snicket (Patrick Warburton) faz o mesmo, tentando convencer o telespectador a abandonar essa história e gastar seu tempo com outra coisa. Mais uma vez, eles estão errados e a segunda temporada da série – mesmo com suas diversas falhas – ainda vale o tempo gasto.

Neste segundo ano, a trama começa exatamente no momento em que a primeira temporada havia se encerrado: com os irmãos Baudelaire na Escola de Preparação Prufrock, iniciando mais uma série de desventuras em suas vidas. O mesmo engate funciona aqui, com Conde Olaf os perseguindo, utilizando diversas fantasias e mais uma vez, nenhum dos adultos acreditando nas crianças.

Da mesma forma que acontece nos livros escritos por Daniel Handler (sob o pseudônimo de Lemony Snicket nas histórias), a história toma outra forma aqui. Se na primeira temporada o grande foco era a perseguição implacável de Olaf aos órfãos, nesta há uma expansão de mitologia bastante interessante. Nos primeiros dez episódios, apenas vislumbres foram mostrados da organização secreta que os pais dos protagonistas fazem parte. Agora, todo o conceito é desenvolvido – sem deixar de lado a perseguição tragicômica do Conde.

O grande mérito deste segundo ano é justamente este de expandir a mitologia, criando uma história muito mais interessante e cativante para o público. Os mistérios que circundam a família Baudelaire desde o primeiro episódio da primeira temporada ainda não são respondidos por completo, mas começa a se desenhar uma linha cronológica intrigante. Além do mais, a organização CSC (o nome completo não será revelado para não estragar surpresas), que inicialmente funcionava apenas como pano de fundo, deve tomar um escopo diferente na próxima temporada (já confirmada).

A inserção dos irmãos Quagmire , de Esmé Squalor (Lucy Punch), Jacques Snicket (Nathan Fillion) e Madame Lulu (a atriz também não será revelada para não estragar a surpresa) traz muito dinamismo ao enredo, tornando os episódios mais divertidos e diferenciados, sem sempre se apoiar no mesmo engate. Na primeira temporada a troca de tutores dos irmãos tinha esse mesmo propósito, mas falhou miseravelmente, principalmente pelo fato de que sempre era muito previsível o que aconteceria com eles. Inclusive, as surpresas desse segundo ano são ótimas e a trama se apoia muito nesses plot twists, que servem de refresco a uma história que estava quase fadada à repetições chatas.

Apesar disso, assim como na primeira temporada, nesta há alguns momentos em que a série acaba se perdendo. O excesso do ridículo proposital mais uma vez acaba atrapalhando. Mesmo que divirta em alguns momentos essa face assumida de ridiculismo, depois de algum tempo acaba se tornando um subterfúgio repetitivo para soluções simplistas de roteiro – em pelo menos cinco oportunidades, Conde Olaf escapa se utilizando dessa saída.

Em suma, a segunda temporada de Desventuras em Série é uma ótima expansão daquela mitologia apresentada apenas superficialmente no primeiro ano e ganha fôlego com os novos personagens apresentados. Apesar disso, continua sendo o tipo de entretenimento de escapismo que se satura muito rapidamente e se apoia em muitas soluções repetidas, sem inovar muito. Assim como inicialmente proposto, é bom para dar umas risadas e para se divertir um pouco – qualquer pretensão além pode fazer você querer desviar o olhar.

Nota: 7/10

Ficha técnica:

Produção: Netflix

Criador: Barry Sonnenfeld

Data de lançamento na Netflix: 30/03/18

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