Crítica | Círculo de Fogo – A Revolta

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Em meio a tantas continuações que se propõem a criar algo mais grandioso e megalomaníaco do que seu antecessor – sempre apelando para uma ameaça maior, mais iminente e urgente -, Círculo de Fogo: A Revolta surge para cumprir exatamente o mesmo papel. Diferentemente do primeiro longa, este não aposta em recursos visuais peculiares nem na estruturação de uma história simples e funcional, optando por simplesmente criar novas sequências de ação – e de maneira muito mais espalhafatosa e burocrática.

A continuação se passa dez anos depois do primeiro filme, em uma sociedade que já reaprendeu a viver sem os Kaijus assolando a humanidade – até porque a Fenda foi fechada. Apesar disso, uma nova ameaça surge e cabe a Mako Mori (Rinko Kinkuchi) reunir novos pilotos para resistir ao ataque.

Assim como no original, o foco não está na elaboração de uma história complexa ou na criação de uma mitologia – apesar do primeiro filme estabelecer alguns conceitos interessantes. Na verdade, o novo longa se utiliza das mesmas bases criativas, apostando em robôs gigantescos que rendam cenas de batalha excelentes, mas dessa vez, esquecendo elementos inerentes à criação de Guillermo Del Toro (diretor do primeiro filme): o desenvolvimento dos conceitos apresentados e a profundidade das relações e complicações dos personagens.

 

Os dramas parecem se repetir, com perdas familiares sendo o engate e motivação do protagonista Jake Pentecost (vivido por John Boyega), filho do sargento Stacker Pentecost (interpretado por Idris Elba no primeiro filme). Ele funciona como introdução ao telespectador que não lembra muito bem dos eventos do longa original e apesar de ser um recurso muito funcional, acaba sendo basicamente isso. A dramaticidade do personagem de Boyega, além de ser afetada pela simplicidade inerente do roteiro, também não é muito bem transmitida pelo ator, que parece não lidar bem com o posto de protagonista – um claro contraponto levando em conta a presença de tela que Charlie Hunnam tinha no primeiro filme.

O mesmo acontece com Scott Eastwood, que sobra no filme, funcionando mais como um estereótipo de personagem arrogante, esnobe e com boa pinta. Os dramas do passado que os dois viveram tenta ser explorado rasamente, funcionando apenas como contexto, mas acaba engatilhando diálogos extremamente expositivos.

Essa mesma noção se dá para todo o restante dessa continuação. O longa original se apoiava nas ideias peculiares de Guillermo Del Toro acerca de criaturas vivendo no fundo dos oceanos inexplorados, embasando-se na cultural oriental com design claramente inspirado em animes e com cenas de ação grandiosas, mas conscientes – sempre apostando no filme pipoca, com certo desenvolvimento de personagens e certa profundidade em sua mitologia.

Neste segundo filme tudo isso se repete, mas de maneira superficial e sem os rostos familiares do original. Charlie Hunnam não está na sequência e a lacuna deixada por seu personagem não é explicada em momento algum. Rinko Kinkuchi ainda tem uma pequena aparição, mas é jogada de lado para dar espaço a novos rostos. No fim de tudo, parece a mesma solução utilizada por John M. Chu em G.I. Joe 2: A Retaliação, quando o protagonista vivido por Channing Tatum foi totalmente jogado de lado com explicações pífias e repentinas.

Outro ponto que servia de apoio ao filme de Del Toro era a forte trilha sonora, fazendo clara alusão a trilhas de desenhos japoneses e encaixando perfeitamente com a escala de grandeza do longa, além de impor ritmo às cenas de ação. Neste segundo capítulo, há uma certa reciclagem disso e uma reutilização barata e pior da trilha tema.

Outro elemento que se perde é a esquisitice de Guillermo Del Toro. A profundidade que os Kaijus têm no primeiro filme é completamente perdida. A estranheza no mistério e no desconhecido se esvai, sobrando apenas monstros úteis para cenas de ação. Com os Jaegers acontece exatamente a mesma coisa: a aura de divino que as máquinas tinham no longa original se perde e eles funcionam simplesmente para recursos visuais e como subterfúgio para grandiosidades e megalomanias do diretor. Além disso, todo o recurso visual do diretor acaba sendo emulado – só que de maneira muito mais genérica. As cores brilhantes e fortes em contraste com a noite nas cenas de luta do primeiro longa acabam sendo substituídas por robôs coloridos, sem muita textura ou contraste. 

Ao que tudo indica, o plano monetário dos produtores deu certo: Círculo de Fogo deve virar uma franquia nos cinemas, apostando na simplicidade de robôs gigantes contra criaturas ainda maiores – o clássico desenho animado que as crianças adoram. As peculiaridades de Del Toro – chamativas, estranhas, esquisitas e espalhafatosas – ficaram para trás, sendo agora o foco a simples batalha épica e grandiosa, e os personagens simplistas, sem grande profundidade. Bruscamente, Círculo de Fogo perde totalmente sua essência, seu diferencial e seu apelo ao público adulto – que sentia certa vergonha em admitir – mais parecendo um novo Transformers do que a continuação daquele ótimo filme pipoca que chegou aos cinemas em 2013.

Nota: 4/10

Ficha técnica:

Direção: Steven S. DeKnight

Roteiro: Steven S. DeKnight, Kira Snyder, T.S. Nowlin

Data de lançamento no Brasil: 22/03/18

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