CRÍTICA | ALTERED CARBON

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Imagine que você acorda em um centro de detenção em algum lugar aleatório, pelado e coberto de tubos pelo corpo. Ao retomar a lucidez, você é informado que dois séculos e meio se passaram desde a sua morte e agora você é propriedade privada de um milionário para desvendar a morte do mesmo. Parece confuso? Pois saiba que isso é Altered Carbon.

Na sociedade de Altered Carbon, a morte é opcional para quem pode pagar. A humanidade evoluiu ao ponto em que, com a aplicação de um dispositivo na base da nuca, você guarda toda a sua consciência e memórias. A partir deste aparato tecnológico, você pode ter um novo corpo, com a mesma mente. A morte só é definitiva para religiosos, que se opõe a reencarnação por achar que não é modo que Deus quer, e para aqueles que sofrerem danos diretamente nesses aparelhos.

Anunciada de surpresa durante a Comic Con Experience do ano passado, a série conta com Joel Kinnaman (Robocop Esquadrão Suicida) como o protagonista Takeshi Kovacs, um ex agente do governo que se rebelou contra o sistema e foi sentenciado pelos seus crimes. 250 anos depois de ser pego pelos seus crimes, ele é “reencapado” em um novo corpo, onde servirá de investigador para um homem rico que quer saber quem o matou.

Logo de cara, se você é fã de ficção científica, vai notar o ar cyberpunk da série. Ruas sujas, letreiros neons e termos tecnológicos inventados, bem parecido com Blade Runner, Matrix ou até mesmo um Ghost in the Shell. Essa ambientação é algo que me pegou e me fez maratonar a série com mais facilidade. Aliada à essa ambientação está toda a trama policial/detetivesca que envolve o assassinato de um homem que ainda está vivo, mas não pode testemunhar o próprio assassinato.

Apesar de todo o esmero das produções Netflix, Altered Carbon parece ter sido feita de uma maneira bagunçada ou até mesmo esquizofrênica. Em alguns momentos toda a direção, fotografia e narrativa são feitas para emular qualquer um dos clássicos citados no parágrafo anterior, mas isso muda repentinamente e muitas vezes em um mesmo episódio, não deixando que pensemos que pode ser apenas um erro de mudança de diretor para cada episódio.

Do cyberpunk bem produzido à uma série de baixo orçamento do CW, tudo em quase uma hora de episódio. Isso ajuda a confundir um pouco mais o espectador, que já está digerindo vários conceitos novos enquanto essa confusão narrativa está rolando.

Essa sensação se agrava quando a obra começa a inserir novas sub tramas sobre religião, teorias da conspiração, inteligências artificiais, revolta e laços familiares no meio de um assassinato que ainda está para ser resolvido, tudo isso dependendo muito da fraca atuação de Kinnaman, que acaba indo bem nas cenas de luta, mas falha em qualquer coisa que exija mais profundidade.

Altered Carbon começa bem, como uma franquia com potencial para ter um fandom de uma área um pouco carente de obras contínuas como uma série de TV, mas descamba para o lado fácil de apenas referenciar obras famosas do gênero e não criar suas próprias raízes. Eu, como fã de ficção científica e da visão cyberpunk, gostei da série apesar de todos os pesares, mas acho difícil conquistar o grande público que desconhece todo esse mundo imaginário.

Altered Carbon estreia dia 2 de Fevereiro no Netflix.

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