Crítica | Sense8 – 2° temporada

Array
Publicidade

Que poucas produtoras ousam tanto como a Netflix isso é fato, mas em 2015, o serviço de streaming atingiu um novo patamar. A empresa lançou Sense8 com todo o peso da assinatura das irmãs Wachowski, lendas da ficção científica e criadoras de nada menos que Matrix e redefiniu a forma de pensar séries de ficção científica.

A narrativa acompanha oito pessoas em diferentes lugares do globo que tem a capacidade de se conectar, sendo denominados como “homo sensorium”. Na primeira temporada fomos apresentados a cada um dos oito sensates, passando a conhecer suas vidas, seus dilemas e até mesmo seus sonhos. Em um fantástico ápice, a primeira etapa da produção acaba com a frenética caçada do Sussurros ao cluster.

A segunda temporada teve um início bastante diferente, mas que alegrou imensamente os fãs: um especial de Natal lançado em dezembro! Já os demais episódios foram liberados apenas agora no início de Maio. É bem verdade que especial de Natal pouco contribuiu para a trama central, servindo mais como fan service e acalento aos fãs que aguardavam ansiosos o retorno da série.

Na nova etapa de Sense 8, Lito lida com problemas na sua carreira de ator após assumir a sua homossexualidade. Nomi continua fugindo dos agentes do governo. Will e Riley escondem-se de Susurros. Kala aparece mais estável em seu casamento, porém ainda amando Wolfgang que continua suas atividades na vida noturna. Capheus tem uma reviravolta na sua vida após sua entrevista viralizar e o tornar um forte candidato a líder político em Nairobi. Sun consegue fugir da prisão e agora busca vingança pelos atos do seu irmão.

Ao longo dos dez episódios da temporada os protagonistas precisam lidar com seus conflitos pessoais, ao passo que tentam descobrir mais respostas sobre o que de fato são os sensates. Descobre-se ainda a existência de novos grupos, pílulas bloqueadoras, e mais informações sobre a Organização que os persegue. Porém, com tanto ser abordado, o roteiro acaba por soar confuso, não conseguindo dividir bem o tempo entre as tramas individuais e a narrativa principal, por mais que os episódios tenham tempo de sobra para isso. A série ainda esbanja diálogos repletos de frases de efeito do tipo “não se ganha uma luta sem sair da defensiva”, com cenas em câmera lenta e aparições do grupo em cenas de ação. A fórmula contenta e por vezes convence, mas até quando os espectadores vão aguentar essas repetições?

A fotografia continua impecável, com edição primorosa e que encanta a todos, especialmente em momentos em que há mais de um sensate, onde a troca entre os personagens acontece de maneira tão natural que enche os olhos. Whats Up, já consagrada como hino não oficial da série, mas que se tornou uma marca da produção, passa a contar com uma versão remixada. E por mais que nessa temporada não tenhamos a famigerada cena da orgia, as cenas de sexo continuam trazendo muita emoção, beleza e verdadeira ode ao amor.

É importante notar ainda que Sense8 narra essencialmente histórias sobre conexão, empatia e de libertação dos rótulos, dos preconceitos, e das diferenças. Nenhuma outra série da atualidade consegue trazer tanto peso à essa bandeira de maneira tão bem produzida. Seja no discurso de Lito na Parada LGBT em São Paulo ou no discurso do comício de Capheus, à queda do muro das diferenças é anunciada a todo tempo na série. Toda a dicotomia cultural que existe nas várias “esquinas” do mundo, seja trans ou hetero, cristão ou hindu, negro ou branco, todos os rótulos são resumidos ao fato de sermos uma única raça: humanos.

Ao final, a produção ainda deixa um baita cliffhanger para a próxima temporada, provavelmente a última. Só tomara que não demore quase dois anos para que os encontremos novamente.

Última Notícia

Mais recentes

Publicidade

Você também pode gostar: