Crítica| Animais Fantásticos e Onde Habitam

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“Todos mudam. Eu mudei.” Essa frase foi dita por Newt Scamander, mas pode ser aplicada a todos os fãs de Harry Potter. Foram dez anos de saga com o jovem bruxo, uma geração que cresceu acompanhando as aventuras do trio Harry, Hermione e Rony dentro do universo criado pela J. K. Rowling. Há de se considerar que o enredo teria de crescer e amadurecer tal como o seu público. E, após cinco anos de abstinência do universo mágico de Rowling, somos convidados a mergulhar novamente nesse oceano de magia, mas agora olhando para outro lugar.

Animais Fantásticos e Onde Habitam é um livro didático usado em Hogwarts, escrito por Newt Scamander, ex-aluno da Escola de Magia e Bruxaria. O filme, portanto, nos faz mergulhar neste conhecimento do magizoologista Scamander, apresentando essas criaturas.

Ambientado nos anos 20, ou seja, 70 anos antes da trama de Harry Potter, a nova produção tem toda uma ambientação muito peculiar e diferente do que estamos acostumados no universo potteriano E essa não é a única diferença entre os filmes. AFOH se passa em Nova York, já a história de Harry é situada em Londres. Outra importante diferença é que nos EUA não chamamos os não-bruxos de Trouxas, mas sim de não-majs (abreviação de não-mágicos). Essas diferenças são vividas e sentidas pelo público, juntamente com Newt, ao desembarcar em uma Nova York intensa, com uma maleta repleta de animais mágicos. Não bastasse a natureza essencialmente dificultosa de sua atividade, o protagonista ainda se vê dentro de uma grande confusão após alguns de seus espécimes escaparem e o bruxo ter que capturá-los o quanto antes para que o caos não se instaure na cidade.

Aliás, a Comunidade de Bruxos dos EUA parece não viver um bom momento. O filme mostra uma comunidade bem estabelecida com a MACUSA (Congresso Mágico dos Estados Unidos da América), liderada por Seraphina Picquery (Carmen Ejogo), mas que sofre com o fanatismo e a intolerância dos Second Salemers e precisa evitar qualquer tipo de exposição que possa causar conflito entre mágicos e não-majs, além de ter de lidar com a presença de Grindelwald, o maior bruxo das trevas antes de Lord Voldemort.

A premissa parece ser vazia e teria tudo para ser maçante, já que a proposta do filme parece ser acompanhar Newt numa caçada à la Pókemon Go. Entretanto, não podemos simplesmente ignorar o fato de que estamos falando de J. K. Rowling, amigos! E é ela quem assina o roteiro da adaptação, dirigida por David Yates, diretor dos quatro últimos filmes de HP.

Eddie Redmayne dá vida a Newt Scamander, que não chega a ser um herói e nem tenta, pelo contrário, traz uma personalidade retraída cujo maior destaque fica por conta de seu sotaque britânico carregadíssimo. Tudo o que Scamander quer na verdade é a preservação dos animais e acaba convencendo o espectador de que esse na verdade é seu objetivo de vid. Dan Fogler é Jacob Kowalski, um não-maj que acaba ajudando Newt em sua busca, o personagem se estabelece mais como um alívio cômico para o filme com suas caras e bocas que podem nos remeter a Chaplin ou O Gordo e O Magro.

Diferente da proposta do cinema nos últimos tempos, em AFOH o bem e o mal são bem definidos, o roteiro é linear sem ser maçante e a produção dá um verdadeiro show em fotografia. Alternando entre cenas cinzentas com a presença de Graves (Colin Farrell) e Credence (Ezra Miller) e cheias de cores com Newt dentro de sua mala infinita, o fã é verdadeiramente transportado para o mundo do filme em todos os seus habitats. E sim, os animais fazem jus ao título de “Fantásticos”, um verdadeiro show de efeitos especiais!

Aliás, Farrell e Miller conseguem trazer o tom certo às cenas a tal ponto de não sabermos ao certo de qual lado Graves está, fazendo com que sintamos toda a perturbação no show de interpretação de Ezra.

Por incrível que pareça, a única presença contestável no filme é a de Johnny Depp, que não teve muito tempo para desenvolver o Grindelwald neste filme, mas que terá mais espaço para abordá-lo nas sequências da franquia.

Para quem não assistiu aos filmes de Harry Potter, não há com o que se preocupar. É possível acompanhar toda a trama de AFOH sem interferência alguma do roteiro das obras anteriores de Rowling. Claro que há algumas poucas referências a HP, quase como easter eggs, que servem mais como service aos fãs que como parte essencial do enredo.

Ao que tudo indica, os próximos filmes possivelmente explorarão ainda mais as expedições de Newt, o história do vilão Grindelwald, o passado de Dumbledore entre outros elementos. E, claro,  nós já estamos esperando ansiosos!

“Sabe como sei que não estou sonhando? Eu jamais teria imaginação para isso”, é com essa frase de Jacob Kowalski que todos saem dos cinemas. Rowling provou que sua mente tem universos mágicos infinitos e que podem continuar nos surpreendendo por muito, mas muito tempo.

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