O Shaolin do Sertão: cultura nordestina pra gente grande

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Depois do estrondoso sucesso de Cine Holliúdy (2013), filme gravado em “cearês” e que levou quase 500 mil espectadores aos cinemas brasileiros, Halder Gomes volta com tudo à direção de mais uma comédia nacional.

Na nova trama, Aloísio Liduíno (Edmilson Filho), ou Aloísio Li como prefere ser chamado, sonha em ser um grande lutador de Kung Fu, como nos filmes que assiste. Logo nos primeiros momentos do filme, inclusive, podemos acompanhar Aloísio imaginando participar de um filme de kung-fu, lutando contra grandes vilões (que hora falam mandarim, hora falam cearense) para salvar a mocinha, que nesse caso é o seu grande amor, Anésia Shirley. Entretanto, o sonho do protagonista esbarra na dura realidade de ser apenas um padeiro, não tendo muito crédito do povo de sua cidade. Quando o grande lutador de vale-tudo Tony Tora Pleura (Fábio Goulart) anuncia na TV que a sua próxima luta será em Quixadá-CE, cidade de Aloísio, o padeiro finalmente enxerga a oportunidade de alcançar o destaque necessário para se transformar em um mestre das artes marciais.

Financiado pelo prefeito Rossivaldo (Frank Menezes), nosso herói busca aprimorar seus conhecimentos em Quixeramobim, cidade próxima à Quixadá, onde Piolho (fiel escudeiro de Aloísio, e uma das únicas pessoas que acreditam em seu potencial), interpretado por Igor Jansen, ouviu falar que existia um mestre Shaolin. Em sua jornada atrás de um verdadeiro mestre, Liduíno encontra Mestre Wilson (Falcão), que o “prepara” para a tão aguardada luta, tal qual Daniel San pelo Senhor Miyagi.

O Shaolin do Sertão é um filme carregado de referências culturais e que tem, acima de tudo, uma grande mensagem: o nordestino pode tudo… do seu jeito. Quando questionado sobre suas referências para produção da obra, o diretor Halder Gomes disse que Shaolin do Sertão é “uma espécie de Karate kid (1984) cearense, com referências a outras histórias do gênero”. O diretor cita ainda outras obras que o inspiraram no trabalho, como “Operação dragão” (1973), “O grande dragão branco” (1988) e “Kung fu panda” (2008), além de referências um pouco mais improváveis como ‘Os pássaros’, de Hitchcock. São ‘easter eggs’, que estão lá, mas nem todo mundo vai perceber.

O filme mantém a linha de Cine Holliúdy, mas é possível notar traços de Ai que Vida! (2008), filme de Cícero Filho gravado no Piauí e Maranhão, que chegou a desbancar Harry Potter nas bilheterias de Teresina. Com um orçamento consideravelmente maior que Cine Holliúdy, é perceptível a melhoria na qualidade técnica do filme, fato que também pode ser atribuído a parceria com a Globo Filmes.

O elenco traz nomes conhecidos da cultura nordestina como Falcão e Tirulipa, além de outros famosos como a Youtuber Camila Uckers e Braúlio Bessa. Grandes nomes da comédia nacional também abrilhantaram a equipe, como Dedé Santana, Fafy Siqueira e Marcos Veras.

CONCLUSÃO

PENSE NUM FILME ARRETADO! É humor do início ao fim. Já deixamos avisado que é melhor ir preparado para engasgos e falta de ar, pois não foram poucas as crises de riso dentro das salas onde acompanhamos as sessões.

Talvez alguns espectadores das outras regiões do país sintam falta, em alguns momentos, do uso da legenda para traduzir termos caracteristicamente nordestinos, como “ir com gosto de gás”, “espinhaço” e “titela” ou até mesmo para entender a forma peculiar como algumas coisas acontecem no interior do nordeste, como por exemplo, batizar os filhos com nomes compostos como só bons sertanejos sabem fazer ( Anésia Shirley e Aloisio Liduíno são exemplos clássicos), mas nada que prejudique o entendimento do enredo.

O filme não se preocupa em reforçar os estereótipos do filme anterior, trazendo cenários semelhantes, o mesmo ator como protagonista e, claro, o exacerbado uso do humor regional. Na verdade, o filme é bem enfático em afirmar que os nordestinos não tentam ser engraçados, nós somos essencialmente engraçados – e isso é ótimo.

O Shaolin do Sertão dá continuidade a um novo período da comédia nacional, iniciada por Cine Holliúdy. Em nossa opinião, filmes de comédia com essa qualidade e autenticidade foram vistos pela última vez na era de ouro da comédia brasileira, época de O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro. O resultado disso tudo tem sido muito bem traduzido pelas bilheteria da produção, que em oito dias já alcançou a excelente marca de 156 mil espectadores, em apenas 150 salas de cinema. Se considerarmos o quesito “média público/sala” o filme ocupa a segunda posição, mesmo com concorrentes de peso como “Inferno” e “O Contador”. A expectativa é que a nova obra bata os resultados alcançados com Cine Holliúdy.

Pra quem já está fã das produções do Halder Gomes vai uma notícia boa: Cine Holliúdy 2 já está em produção.

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