Crítica | Alita: Anjo de Combate

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No século 23, a humanidade passou por uma grande guerra que derrubou todas as cidades do céu, deixando apenas Zalem como remanescente. 300 anos depois, a maioria da população vive abaixo da grande construção alada, vivendo de restos e construindo coisas para que sejam utilizadas na metrópole flutuante. Com os dejetos jogados de Zalem, muitos aproveitam para fazer suas vidas. E são nessas ruínas de lixo que o Doutor Dyson Ido encontra um corpo cibernético com o cérebro ainda intacto. Ao dar um novo corpo para a ciborgue, Ido a batiza de Alita e assim somos apresentados à protagonista de Anjo de Combate. 

A primeira coisa que chama atenção no longa dirigido por Robert Rodriguez é na excelente ambientação feita pelo diretor. Conhecido por sua extravagância, o cineasta de descendência mexicana foi bem sutil em situar o espectador numa cultura miscigenada de futuro pós-apocaplítico cyberpunk. Mesmo com suas muitas línguas, é perceptível a influência do México na arquitetura, nas artes e nos adornos presentes sempre ao fundo ou rapidamente na tela. Além disso, a clara analogia de uma sociedade que se esforça para viver em função de outra se torna uma crítica velada à situação dos países vizinhos da América do Norte. 

Em um filme deste tipo não tem como falar de qualquer aspecto sem passar pelos efeitos especiais. Com a produção de James Cameron era de se esperar que o longa não decepcionasse nesse aspecto, algo que de fato não aconteceu. Os cenários estão perfeitos e foi um dos poucos casos em que o 3D consegue passar profundidade ao invés de simplesmente jogar coisas na cara do público. Mas a estrela dos efeitos é a protagonista. A fluidez de movimento de Alita (Rosa Salazar) é impressionante e a personagem parece a mais real dos efeitos de CGI, mesmo com o visual ainda remetendo ao mangá original, deixando a garota cibernética com um cabeção e os dois olhos gigantescos. A qualidade da computação gráfica não está somente na perfeição técnica, mas na individualidade que consegue passar aos coadjuvantes e até mesmo os figurantes em seus visuais. 

Mas se sobram elogios aos efeitos, faltam eles ao conteúdo do filme em si. Com dois oscarizados em seu elenco, Christopher Waltz fazendo Dyson Ido e Mahershala Ali como o vilão Vector, o espectador ainda consegue relevar os diálogos rasos. Mas toda vez que passa para atores mais inexperientes, a fragilidade da construção desse mundo fica mais evidente. Essa falha deixa evidente o quão desnecessária a duração do filme é. Com 2 horas e 20 minutos o filme não desenvolve seus personagens como deveria e acaba com a impressão de que poderia ter meia hora a menos facilmente sem perder nada. 

Além disso, a origem de Alita é contada ao mesmo tempo em que é deixada de lado, em uma jogada arriscada de esperar por uma sequência. Com um orçamento de 200 milhões de dólares e baseada em uma obra não tão popular entre o grande público, o longa sacrifica certas respostas por uma aposta de que terá continuação.  

Essa esperança por um Alita 2 também sacrifica o verdadeiro vilão da trama. Nova, interpretado por Edward Norton, aparece pontualmente, tira a importância de Vector e dos vilões mais físicos e não aparece o suficiente para ser impactante, acabando por diluir o efeito vilanesco dos antagonistas com mais tempo de tela. 

A parceria entre Rodriguez e Cameron se provou muito frutífera e acho que os dois cineastas deveriam continuá-la. Mas Alita: Anjo de Combate deve ser vista na melhor sala de cinema disponível para poder se destacar e não se tornar só mais uma aventura futurista qualquer. 

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