Crítica | Escape Room – Experiência imersiva e divertida pra cara#@$%!

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Logo no começo dos anos 2000 o subgênero do terror denominado popularmente como “torture porn” ganhou força com a chegada de ‘Jogos Mortais’ aos cinemas, filme de estreia do aclamado James Wan, que deu um gás ao gênero, influenciou outras obras e conquistou a crítica exatamente por ser inovador. De lá pra cá, diversos filmes seguiram os mesmos caminhos, como ‘O Albergue’ e suas sequências, mas como tudo na arte se desgasta, outros subgêneros começaram a ganhar força, deixando esses tipos específicos de filmes para trás. Até agora, já que o lançamento de ‘Escape Room’ resgata esse delicioso prazer macabro por ver pessoas tendo que sobreviver a um jogo violento e sádico, onde nós, espectadores, somos convidados ao camarote.

É difícil ser inovador quando tantas boas ideias já se esgotaram. Estar preso em um jogo mortal não é novidade nos cinemas e outras obras como ‘The Belko Experiment’, ‘Would You Rather’ e ‘Exame’ já realizaram muito bem esse exercício, porém, há uma súbita criatividade que paira entre ‘O Segredo da Cabana’ e ‘Jogos Vorazes’, que torna ‘Escape Room’ um destaque positivo entre os demais. A sensação de “eu já vi isso antes” até existe, mas é encoberta por um roteiro inventivo, que entrega tudo que podemos esperar de um bom suspense dentro dessa temática. A trama é inteligente (em sua grande maioria) e apresenta elementos que são explicados e fazem sentido conforme a história avança, sem que haja excesso de soluções do tipo “deus ex machina”, algo comum nesse subgênero, isso por si só já nos convence de que o filme merece alguma atenção.

Como a história gira em torno de um grupo de pessoas bem peculiares, diferentes entre si, que entram no jogo para ganhar uma enorme quantia em dinheiro, a sagacidade do roteiro está exatamente em trabalhar esses personagens de forma a fazer com que nos importamos com suas vidas, humanizando-os. E isso é eficaz, todos são bem construídos e possuem camadas a serem exploradas conforma a história avança, fugindo de certos esteriótipos e, até mesmo, “matando” os que, seguindo os clichês, sobreviveriam ao nosso olhar. Um ato de coragem que faz toda a diferença. O elenco composto por Deborah Ann Woll (Demolidor), Taylor Russell (Perdidos no Espaço), Logan Miller (Com Amor, Simon), Jay Ellis (Insecure) e Nik Dodani (Atypical) entrega o carisma e a química necessária, trabalhando bem em equipe e divertindo com cutucadas uns nos outros.

A direção de Adam Robitel, que possui um longo histórico no terror, fazendo alguns filmes duvidosos como ‘Sobrenatural: A Última Chave’, ‘A Possessão de Deborah Logan’ e ‘Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma’, consegue elevar seu nível, explorar planos elaborados e ótimas sequências de ação de ponta-cabeça, o que mostra certa liberdade e envolvimento no projeto, de longe, seu melhor trabalho até então. Mesmo que haja imperfeições e convenções do gênero que o diretor insiste em cair que, aliás, são as principais enrascadas que impedem o filme de ser renovador. O roteiro é criativo sim, mas é expositivo demais. Os personagens precisam, a todo tempo, verbalizar seus atos para que o espectador possa compreender os caminhos da história. Um artifício fraco e sem necessidade, já que a trama é simples e eficiente no que se propõe.

A construção do suspense é ótima, tendo o auxílio da trilha sonora contínua, que também ajuda no ritmo e na tensão crescente da trama. Sendo intrigante e entregando puzzles engenhosos e divertidos, sempre conectados ao passado dos personagens, funcionando também como gatilho para que possamos entender suas vidas antes do inferno que se encontram, recorrendo a flashbacks explicativos e uma montagem muito semelhante as conclusões mirabolantes da franquia ‘Jogos Mortais’, quando todos os quebra-cabeças são unidos em uma sequência para fazer aquela trama maluca ter sentido e, enfim, poder terminar deixando um bom gancho para o próximo capítulo, sem dúvida, outro ponto negativo e preguiçoso do roteiro.

Apesar de não conseguir fugir da artificialidade, ‘Escape Room’ funciona como um intrigante thriller psicológico bem mais do que como tortura sádica, mesmo com armadilhas criativas e uma direção cuidadosa ao criar suspense, além do ótimo design de produção. Felizmente, uma adição muito bem-vinda ao subgênero, que não se leva a sério. Quando a sessão acaba, fica um gostinho de quero mais e de que o próximo pode ser ainda melhor, já que a experiência é imersiva e divertida pra cara#@$%!

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