Crítica | A Sereia: Lago dos Mortos

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Há filmes que simplesmente não funcionam, por mais inteligentes e originais que sejam suas histórias, a execução sempre pesa no produto final. Não que roteiro inteligente seja o ponto forte de ‘A Sereia: Lago do Mortos’ (Rusalka: Ozero myortvykh), terror russo comandado por um diretor novato e de nome difícil, Svyatoslav Podgayevskiy, já que replicar clichês tem feito parte de sua filmografia. Se por um lado, seu trabalho como diretor se intensificou e (até mesmo melhorou!) por outro, seu dedo podre na escolha de projetos chegou ao ápice. É inevitável esquecer o quão horroroso é seu filme mais famoso até então, ‘A Noiva’, é ainda mais angustiante ver que não aprendeu nada com os desafios do passado e com o baixo orçamento, que não é desculpa para realizar filmes tão medíocres e sem graça, que não tem nada a acrescentar ao gênero.

Na trama, o jovem nadador Roman (Efim Petrunin) está prestes a se casar e decide passar uma noite com os amigos, na antiga casa de veraneio da família, lugar onde sua mãe faleceu misteriosamente anos atrás (o que por si só já deveria ser um excelente motivo para que ele nunca mais retornasse ao lugar…). Durante a noite, ele é atraído por uma criatura sinistra, que assume o corpo de uma mulher e que vive nas águas do lago próximo a casa. Após isso, se inicia uma busca pelo passado da “sereia”, antes que a sua vida seja ceifada. Desse contexto, brota à superfície uma sequência interminável de clichês do gênero e decisões contestáveis dos personagens, que nos faz perder rapidamente qualquer credibilidade por suas atitudes e interesse por suas vidas em tela.

O roteiro é anêmico, reciclado de outros filmes como ‘O Chamado’, por exemplo, apenas trocando a menina Samara por uma outra mulher cinza e carente de atenção, cujo o título insiste em chamar de “sereia”, mas que não há qualquer citação a isso no filme, além de alguns elementos como sedução, força nos cabelos e outros clichês que o texto se apropria somente para justificar sua vilã ser uma criatura dos mares… ou nesse caso, de um lago sujo e extremamente pequeno para que qualquer coisa, seja amaldiçoada ou não, queira viver ali. Fora que sua origem deixa a desejar e a personagem navega entre fantasma, demônio e zumbi, atirando para todo os lados que possam assustar o espectador mais sensível.

No entanto, o pior está em seus personagens enjoados, rasos e mal desenvolvidos, em especial a protagonista Marina, vivida pela atriz Victoria Agalakova, que não se esforça em nada, parece constrangida de estar naquele papel e entrega um trabalho sem carisma nenhum, quanto Efim Petrunin até se esforça, mas não faz a menor ideia de como fazer mais com seu talento limitado. É constrangedor vê-los em ação, sem exceções, todo o elenco é pavoroso e sem química.

Com um roteiro fraco e um elenco ruim, fica até difícil fazer algo valer à pena, apesar disso, a direção Podgayevskiy é relativamente boa, nada de espetacular acontece, mas ele mostra saber dominar algumas técnicas criativas que fazem os sustos, à base de jump scares, funcionarem, afinal, é fácil assustar com manipulação de cortes e música, já que a criatura que dá nome ao filme é extremamente sem presença e o uso de efeitos especiais só piora ainda mais seu visual tosco, desfazendo toda a construção de suspense que o primeiro ato se propôs a fazer e entregando aparições excessivas, quando o ideal para esse tipo de filme seria guardar o visual do monstro para um possível clímax revelador. Na verdade, a trama promete que algo incrível vai acontecer, mas não entrega nenhum tipo de tensão ou divertimento e no terceiro ato nosso único desejo é que a tortura acabe o quanto antes.

Sendo assim, é frustrante ver um potencial desperdiçado com um terror genérico e difícil de engolir. ‘A Sereia: Lago dos Mortos’ não encanta, não entrega o que promete e afunda em um oceano amargo que é a falta de criatividade e a reprodução barata de clichês do gênero. Tome muito cuidado para não ser seduzido pelo belíssimo cartaz e se decepcionar.

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