Crítica | A Esposa

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[et_pb_section fb_built=”1″ _builder_version=”3.0.47″][et_pb_row _builder_version=”3.0.48″ background_size=”initial” background_position=”top_left” background_repeat=”repeat”][et_pb_column type=”4_4″ _builder_version=”3.0.47″ parallax=”off” parallax_method=”on”][et_pb_text _builder_version=”3.0.74″ background_size=”initial” background_position=”top_left” background_repeat=”repeat”]É um tanto quanto complexo, porém necessário, utilizar o cinema para fazer refletir sobre a vida real fora da tela. Apesar disso, muitas obras se tornam superficiais ao retratar dramas reais como plano de fundo para suas histórias que, na verdade, servem apenas como os chamados “oscar baits”, longas que se desenvolvem de acordo com o gosto da Academia e visam levar algumas estatuetas douradas para casa. Em partes, esse é o caso de ‘A Esposa’ (The Wife), drama que se sustenta na força do elenco principal enquanto insere pitadas de lições sobre machismo dentro do mundo da literatura.

De fato, a trama é bem elaborada, adaptada do livro de mesmo nome, e consegue desenvolver, de forma crescente, a história da dedicada esposa que abre mão de seus talentos como escritora para ajudar o marido a crescer no meio da literatura, porém, após ele ter sido anunciado como o grande ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, ela questiona tudo que precisou abandonar para que ele pudesse ser um renomado e reconhecido escritor, sendo que todos os seus livros foram escritos por ela em segredo, durante a vida que passaram juntos. De início, o clima é sutil, íntimo e quase romântico, até que o desconforto vai se desenvolvendo lentamente, conforme a personagem se sente cada vez mais solitária e usada.

Não se trata de um roteiro inovador, afinal, outros bons filmes como ‘Big Eyes’ (do Tim Burton) e o recente ‘Colette’, tratam de temas parecidos, apesar disso, não deixa de ser relevante e desenvolvido com cautela pelo roteirista, que não foca em expor o machismo imposto pelo marido diretamente, mas sim, navegando no passado dos personagens para mostrar como aquela situação surgiu e se manteve ao longo dos anos, se fixando na época onde uma escritora mulher não era levada à sério pelo editores e nem pelo público, porém, a situação ganha seu ápice exatamente por pendurar até os anos em que esse tabu, mesmo ainda existindo, não era tão pesado, ainda assim, Joan se mantém firme e forte como a mente criativa por trás do marido.

O grande triunfo, no entanto, está na direção do sueco Björn Runge, que soube guiar os atores durante a contida jornada até o seu clímax, com uma atuação poderosa e regada de sentimentos da Glenn Close, de fato, a alma do filme. Seus olhares melancólicos e sua naturalidade podem, facilmente, tornar a atriz uma das favoritas a levar uma estatueta do Oscar este ano (pela primeira vez!). Jonathan Pryce é o outro pilar que sustenta a trama ao apresentar seu melhor trabalho até então. Além das fortes atuações, a parte técnica está impecável, desde a fotografia fria, com tons de azul e cinza, representando a solidão e melancolia dos personagens, até a direção de arte, com figurinos extravagantes e delicados ao mesmo tempo. Em contramão à qualidade técnica, o longa levanta diversas questões feministas, mas acaba não as desenvolvendo com conclusões satisfatórias.

Com um ritmo delicioso, ‘A Esposa’ sabe trabalhar diálogos e intrigar o espectador que, mesmo já sabendo como aquela trama vai se desenvolver, deseja ver o ápice explosivo de uma atuação dedicada de Glenn Close, cuja personagem vive as sombras do marido, mas resgata dentro de si a mulher forte, talentosa e determinada que precisa se reerguer para calar a voz ecoante e absurda do machismo.


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