Crítica | Diamantino

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Abraçar a loucura e se entregar a peculiaridade não é para muitos filmes. Dos poucos que tentam, muitos acabam caindo no piegas ou se perdem no caminho, diferente de ‘Diamantino’, drama luso-brasileiro-francês, com pitadas de comédia e fantasia, que é puramente consciente de seu roteiro insano, sem medo de arriscar, entrega um projeto singular e cult. No entanto, a jornada rumo à conquista dessas categorias é realizada com pequenos deslizes e exageros que merecem ser analisados.

Na trama, que navega do drama à ficção científica, o jovem jogador de futebol Diamantino (Carloto Cotta) é considerado o melhor do mundo no momento e precisa ajudar Portugal a vencer a Copa do Mundo na Rússia, no entanto, após uma terrível derrota e a morte de seu pai, ele se vê em uma intriga governamental, que o investiga por lavagem de dinheiro, fora a extorsão de seus bens por suas irmãs gêmeas manipuladoras e um misterioso e insano projeto científico que visa obter seu DNA para criar um time inteiro de jogadores de futebol sem imperfeições.

A loucura não para por aí, já que o roteiro, escrito e dirigido pela dupla Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, também encontra espaço para inserir subtramas envolvendo a crise dos refugiados na Europa e a polêmica votação para retirar Portugal das Nações Unidas, tudo batido no liquidificador, com uma boa dose de humor ácido e fantasia surrealista, talvez inédita no cinema português até então. Carloto Cotta (que é a cara do Cristiano Ronaldo e não é à toa!) vive o protagonista ingênuo, infantilizado e carismático, mesmo que não haja muita presença, já que o ator entrega um trabalho singelo e inexpressivo, facilmente nos identificamos com sua inocência e passamos a nos preocupar com o rumo que está tomando ao ser manipulado.

Já a narração expositiva é um problema grave, tanto por conta da falta de presença do ator, quanto por verbalizar exatamente tudo que estamos vendo em cena, desvalorizando o trabalho da direção de mostrar sem precisar usar as palavras, um conflito comum no cinema, mas que incomoda e não passa despercebido. Porém, outros recursos como slow motion e match cut são utilizados de forma correta e agregam muito estilo as cenas que poderiam ser comuns, como as no campo de futebol em meio aos “cachorrinhos felpudos” que o personagem imagina, fora a montagem, que é extremamente bem realizada, e a trilha sonora, que ajuda na criação dessa atmosfera surreal e alucinógena que a trama se propõe.

O clímax deixa de lado o drama absurdo e insere os protagonistas em um thriller de ficção-científica ainda mais pirado que, por incrível que possa parecer, funciona dentro do contexto e faz sentido, já que outros elementos, como a súbita mudança de orientação sexual da personagem Aisha (Cleo Tavares) soa mais como uma “cura gay” não assumida do que como elemento que move a trama pra frente, já que o casal formado no final não faz o menor sentido e o contexto LGBTQ+ é mal trabalhado e superficial.

Ainda assim, ‘Diamantino’ tem personalidade própria e eleva o cinema português a um nível tão singular e criativo, que torna o filme diferente de tudo que você já viu, ao mixar diferentes gêneros e assuntos em uma obra que, apesar de excêntrica, não é difícil de ser digerida e entretém enquanto nos faz refletir, mesmo que superficialmente, sobre a busca pela perfeição em um mundo terrivelmente belo por ser imperfeito.

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