Crítica | Conquistar, Amar e Viver Intensamente

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Para começo de conversa, existe essa estranha obsessão do cinema LGBTQ+ de explorar apenas o aspecto melancólico e triste da vida de personagens gays. Não é de hoje que a grande maioria dos roteiros focam na dor, na solidão e na perda, como se fosse extremamente negativo ser gay e o “final feliz” não fosse possível dentro desse contexto. Soa superficial apenas mostrar que, não importa o quanto o personagem ame, ele ou seu parceiro vão morrer no fim das contas, nos levando a questionar novamente a colocação da homossexualidade no cinema e qual a real mensagem que os realizadores desejam passar. Sendo assim, ‘Conquistar, Amar e Viver Intensamente’ (Plaire, aimer et courir vite), drama francês que narra a vida de um casal gay durante um período complicado dos anos 90, aborda o assunto da mesma forma dolorosa que os demais.

Na trama, Jacques (Pierre Deladonchamps) é um escritor que se vê em uma crise existencial, tanto no trabalho quanto na vida, quando encontra, acidentalmente, o jovem Arthur (Vincent Lacoste) dentro de um cinema e juntos iniciam um forte romance que atravessa os problemas, no entanto, Jacques está doente e precisa encontrar forças para aproveitar o tempo que lhe resta ao lado de seu amado. A originalidade passa longe do roteiro, afinal, essa premissa já foi muito explorada em diversos outros longas, e que trabalharam a dor da despedida de maneira terrivelmente semelhante, no entanto, há detalhes aqui e ali que elevam essa história a bons níveis ao longo da jornada rumo a desilusão.

Se o roteiro falha em ser original, a direção do francês Christophe Honoré é delicada e gentil com os personagens, explorando ângulos aproximados sempre que a trama assume ares mais emocionais, semelhante ao que ‘Me Chame Pelo Seu Nome’ faz, até mesmo optando por não exibir nudez explicita e sim momentos de intimidade entre os protagonistas, um acerto e certamente um bônus em relação a outros filmes semelhantes, assim como a boa trilha sonora, que entra em momentos oportunos e não força a barra na tentativa de fazer chorar, aliás, a trama consegue emocionar em cenas pontuais, como a da banheira, por exemplo, em que um dos personagens arrasta o outro para um banho juntos enquanto conversam sobre a vida e sobre o fim do relacionamento. Simples, sutil e deliciosa de se assistir.

O elenco está bom, em especial o Pierre Deladonchamps, que segura o drama nas costas praticamente o filme inteiro. Sua atuação é honesta, delicada e extremamente bem dirigida por Honoré. A química funciona entre os protagonistas e o romance conquista seu espaço em meio ao drama. Fora isso, o enfoque sobre a epidemia de HIV nos anos 90 funciona em segundo plano, presente do começo ao fim, um recorte interessante, mas que contribui para o clima pesado que a trama propõe. Batida talvez, mas acerta no rumo que toma e segue um bom ritmo até a conclusão, mesmo que sua duração seja demasiadamente longa e que seria mais eficaz se tivesse alguns minutos a menos.

Sendo assim, ‘Conquistar, Amar e Viver Intensamente’ bebe da fonte de dramas como ‘Weekend’, ‘The Normal Heart’ e, até mesmo ‘120 Batimentos por Minuto’. Funciona dentro de sua proposta, emociona pontualmente e provoca reflexão sobre o significado do amor, mesmo que não inovador, com seu final brega, deve agradar quem gosta desses bons filmes citados. Talvez desperdice sim a oportunidade de tratar o assunto com maior naturalidade, mas não frustra ao lidar com o universo LGBTQ+, ainda mais por se tratar de um recorte específico de uma época. Uma jornada agridoce de altos e baixos.

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