Crítica | O Grande Circo Místico

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Existem obras que são tão belas e que todos os elementos fundamentais para a realização de um filme funcionam juntos em tela, que sua magnitude técnica sobrepõe a falta de um roteiro melhor trabalhado. Não que isso seja uma justificativa para a ausência de essência na trama, que também é um elemento importante, mas pesa positivamente para que o projeto seja singular e que dê gosto de se assistir. Esse é o caso de ‘O Grande Circo Místico’, tecnicamente impecável, mas que erra ao tentar ser profundo demais dentro de uma premissa que nasce tão simples e cativante.

Na trama, um romance pouco provável entre um jovem (Rafael Lozano) vindo de uma família rica e uma jovem (Bruna Linzmeyer) acrobata, fez nascer o circo que viria a se estender por cinco gerações e acumular diversas histórias de amor, ódio e fantasia ao longo de 100 anos. E dessa premissa, parte um roteiro complexo e cheio de camadas, repleto de personagens e que tenta abordar diferentes assuntos dentro de cada geração, se tornando igualmente cativante e maçante, dependendo do seu nível de envolvimento.

A direção de Carlos Diegues é exuberante e seu olhar sensível cria planos delicados e ângulos diferentes, que dão à obra um ar mágico e obscuro, ressaltado pela belíssima direção de fotografia, que lembra filmes fantásticos de Tim Burton, em especial ‘Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas’, com seus curiosos pontos de luz direcionados e tons vermelhos e verdes. Fora, claro, a riqueza em detalhes do figurino e direção de arte, recriando perfeitamente diferentes anos da história. Há muito o que se elogiar à parte técnica, de fato, um dos mais belos filmes nacionais dos últimos anos.

Porém, nada é perfeito, o excesso de personagens desgasta a história em certos momentos, como se fosse uma novela de 200 capítulos editada em forma de longa-metragem. É muita gente e muita informação para digerir e nem todos os atores funcionam dentro desse contexto lúdico do roteiro. Linzmeyer encanta com sua beleza, mas entrega uma atuação engessada, assim como grande parte do elenco, como por exemplo Juliano Cazarré e a atriz francesa Catherine Mouchet, presos demais ao texto. Já Jesuíta Barbosa, que vive Celaví, serve ao mesmo tempo como alívio cômico e engrenagem que move a trama para frente. Talentoso e muito promissor. Ou seja, com tanta gente, fica mesmo para Mariana Ximenes a atuação mais convincente, uma pena que seja introduzida tão tarde na trama. Ah, sobre a participação de Vincent Cassel, não esbanja carisma, mas também não decepciona.

Ainda que siga caminhos convenientes e seja previsível e expositivo, antecipando acontecimentos que iremos rever ao longo da trama, o filme abraça a fantasia e o misticismo com muito entusiasmo, acrescentando uma boa dose de originalidade, ainda mais no cinema nacional, tão precário de filmes de gênero e que pouco se arrisca em tentar. Sendo assim, dentro de sua proposta, o objetivo é plenamente concluído e satisfatório e, superando o fato do roteiro fraco, todas as demais pontas se conectam de maneira correta.

É fácil se encantar com ‘O Grande Circo Místico’, tão brasileiro e ao mesmo tempo tão grandioso e bem realizado que lembra produções estrangeiras. Nostálgico, um verdadeiro e delicioso espetáculo visual e musical que vai te levar não só ao circo, mas também ao prazeroso novo cinema de gênero nacional.

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