Crítica | Vox Lux

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A indústria da música tem sido alvo do cinema este ano. Porém, não apenas para mostrar como funciona, mas sim para fazer críticas descaradas sobre sua maneira peculiar de criar artistas e músicas da cultura pop, em especial, como nascem as estrelas e suas carreiras cercadas de mentiras contadas para abafar quem realmente são. Vemos esse tema ser abordado em Nasce Uma Estrela, que faz inúmeras referencias à vida da cantora e atriz Lady Gaga e, agora o assunto retorna as telas com ‘Vox Lux’, drama musical com Natalie Portman. Apesar de lidar com assuntos similares, um aborda de forma romantizada enquanto o outro, parte para o lado mais dissimulado da coisa.

Na trama, Celeste é uma jovem que sofre um terrível trauma quando criança, durante uma aula de música, algo que afeta sua vida e também desperta a artista que existe dentro de si. Aproveitando a fama momentânea do incidente, se torna uma cantora de sucesso mundial conforme o tempo passa. E, claro, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. No caso de Celeste, a fama acarreta inúmeras dificuldades e vícios em sua conturbada vida adulta. Ok, um tema interessante, mas que não é nada original.

Eis que a originalidade do projeto vem da sua maneira peculiar e divertida de contar os fatos. Primeiro, dividindo a história da jovem em capítulos e depois, quebrando algumas regras de narrativa e linearidade, apresentando um começo interessante, com um ritmo bom e uma trama cativante, narrada pela voz inconfundível de Willem Dafoe (Projeto Flórida), com trilha sonora da cantora Sia, que também entra como produtora executiva do longa. Em toda essa primeira metade quem vive Celeste é a jovem Raffey Cassidy (O Sacrifício do Cervo Sagrado), uma escolha perfeita, já que a atriz consegue passar com sua atuação uma certa inocência e também um ar sexy e vulgar, que a personagem vai assumir mais pra frente. Além de contar com Stacy Martin (Ninfomaníaca), vivendo a irmã Eleanor, subtrama que rende bons dramáticos momentos ao longa.

No entanto, o ritmo se torna demasiadamente lento na segunda metade, exatamente quando Natalie Portman entra em ação. Momento em que o longa perde sua interessante sutileza e abraça uma narrativa repleta de muita falação e pouca ação, pontuada por poucos bons momentos de atuação de Portman que, apesar de ser uma atriz de peso, não está perfeita como de costume. Sua atuação é exagerada e caricata demais, mesmo que a personagem seja dessa forma para criticar as artistas “montadas” da música pop, ela não convence e parece presa demais ao texto, não deixando espaço para improvisar e agir com naturalidade, algo como Gaga fez muito bem em ‘Nasce Uma Estrela’. Até mesmo Jude Law (Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald) está esquecível, não apresentando o melhor que pode fazer em cena.

Mesmo com erros no ritmo e tedioso em alguns momentos de diálogos, o trabalho de direção de Brady Corbet (Violência Gratuita) é deslumbrante e astuto, fora que ousa com planos-sequência estilosos e bem elaborados, somados a bela direção de fotografia, escura e metálica, que ressalta o começo dos anos 2000 e o conceito futurístico do álbum da protagonista, além da montagem, que lembra (vagamente!) as obras de Lars von Trier, com narração, capítulos e diferentes tipos de gravações dentro do longa. Elementos que dão personalidade própria ao filme e o torna isca fácil para o período de premiações.

No conjunto da obra, ‘Vox Lux’ não chega a ser um filme ruim, longe disso, é ambicioso. Sua narrativa é original e a trama prende nossa atenção na maior parte do tempo. A crítica feita ao mundo das celebridades, no entanto, pode parecer forçada e mal colocada, batendo diversas histórias de artistas famosas no liquidificador e preparando um suco agridoce em forma de alfinetada à indústria musical. Natalie Portman tenta o seu melhor, mas fica presa à caricata cantora mimada, nascida para brilhar, mas que se perde no caminho, com uma atuação tão artificial quanto o playback de seus shows.

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