Crítica | Um Amor Inesperado

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Ser simples e eficaz é uma dádiva para qualquer filme de baixo orçamento. Ainda mais quando o roteiro busca um projeto menor e que vá direto ao ponto, cujo texto seja valioso e consiga passar a mensagem proposta. Semelhante a deliciosa trilogia ‘Before’, de Richard Linklater, surge a comédia romântica argentina ‘Um Amor Inesperado’ (El Amor Menos Pensado), que se encaixa perfeitamente na categoria “descomplicado e eficiente”, típico do bom cinema argentino.

O produtor Juan Vera assume a direção pela primeira vez na carreira e começa com o pé direito ao contar a história da vida de Marcos (Ricardo Darín) e Ana (Mercedes Morán), casados há 25 anos, no entanto, o amor já não é mais o mesmo e o relacionamento se entregou ou tédio e conformismo, é então que decidem se divorciar e partir para o mundo das paqueras modernas em busca de superar a crise da idade.

Por conta de o texto ser simplista e novelesco, fica a cargo do elenco segurar as mais de duas horas e quinze minutos de duração do longa, problema nenhum para o casal protagonista. A química entre Darín e Morán é evidente e seu envolvimento passa a verdade necessária para que possamos nos emocionar com as idas e vindas do casal, torcendo para que o mesmo fique junto no final. Há muita liberdade e improviso em suas atuações, mais uma vez lembrando filmes como ‘Antes Da Meia-Noite’, mostrando que visivelmente estão confortáveis com o roteiro e a direção, que explora a intimidade da dupla como se estivesse entrando em um apartamento real e cercado de lembranças.

Após a trama gastar seu tempo necessário para apresentar seus personagens, o ritmo flui naturalmente e o drama se converte, em partes, em humor, que encontra suas brechas certas entre o trágico e o hilário. Mesmo que algumas piadas sejam exageradas e feitas para fazer rir a qualquer custo, são eficazes, divertem e servem para não permitir que a trama caia no tédio. Outro acerto, tendo em mente que o público alvo da comédia seja a melhor idade, fica por conta das piadas com a tecnologia e as novas formas de namoro, como Tinder e Instagram, dar um tom de modernidade para a trama e fazer uma leve e inteligente crítica ao amor líquido e a fragilidade dos vínculos humanos nos dias de hoje.

Apesar disso, por conta desse público específico, o longa acerta ao abraçar e investir no contexto de amor na terceira idade e a busca pela felicidade, mas também perde uma parcela jovem que pode não se identificar, não permitindo que sua delicada mensagem possa se amplificar e se perdendo pelo caminho, mais uma decisão inicial da produção do que um erro do filme, de fato. Fora que uma duração menor também deixaria a aventura mais concisa e menos repetitiva. Além disso, todo o restante do projeto, desde a fotografia pálida, típica de novela, até a trilha sonora suave, contribui para o despojamento do roteiro.

Sendo assim, ‘Um Amor Inesperado’ mostra que o casamento é como aquela xícara de café que chega quente a nossa mesa, mas que esfria conforme o tempo se passa. A genialidade do roteiro está em mostrar que sempre podemos requentar, mesmo que o sabor não seja mais o mesmo. Divertido, eficaz e honesto, um filme sobre se reapaixonar por si mesmo e pela vida, não importa a idade.

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