Crítica | O Doutrinador

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O cinema comercial brasileiro, apesar de estar buscando uma essência própria nos últimos tempos, sempre navegou na maré das produções Hollywoodianas e não há nada de errado nisso, pelo contrário, replicar tendências faz parte do cinema. O desafio maior fica na tentativa de se encaixar em algo tão grandioso sem ter uma produção adequada, fator que, felizmente, não se aplica aqui, já que ‘O Doutrinador’ bebe da mesma fonte dos filmes de super-heróis estrangeiros, mas busca inserir esse contexto no Brasil e a pergunta que fica é: “como ninguém fez isso antes?”.

Na trama, dirigida com vigor por Gustavo Bonafé (Legalize Já), um misterioso vigilante mascarado denominado pela imprensa O Doutrinador surge para acabar com a impunidade de políticos e donos de empreiteiras que enriquecem às custas da miséria e do trabalho da população brasileira, fazendo justiça com as próprias mãos após ver sua filha ser morta injustamente, acontecimento que dá início a sua jornada pessoal de vingança.

Para começo de conversa, não é um longa perfeito. É tanta energia gasta na tentativa de fazer um blockbuster de gênero, que sua originalidade ficou pelo caminho. No entanto, a construção da ação, seguindo a mesma estrutura de inúmeras obras estrangeiras, acerta no ritmo e na narrativa, desenvolvendo um intrigante e interessante thriller político que não teme em ser violento e brutal ao mesmo tempo que passa uma mensagem de esperança e resistência, abrindo uma brecha entre o clichê para trazer uma obra que, pelo menos no cinema brasileiro, ainda não havíamos visto.

O roteiro é baseado na HQ brasileira de mesmo título, criada por Luciano Cunha, que segue os mesmos moldes dos seriados da Marvel/Netflix como ‘Demolidor’ e ‘Justiceiro’, mais esse último, no caso. Acompanhando a clássica “Jornada do Herói”, que tira seu protagonista do mundo comum para se tornar um símbolo ou, nesse caso, um anti-herói. Miguel começa sutil, até que toma forma com uma boa atuação de Kiko Pissolato, principalmente em cenas que exigem mais do que correr, pular e fazer acrobacias. Pissolato entrega um personagem com camadas e convence na pele de herói, porém, ainda se mantém muito preso a um roteiro e desperdiça a chance de ser mais natural. Já nos personagens coadjuvantes, destaque para Samuel de Assis, o melhor amigo de Miguel, e Tainá Medina, que vive a hacker Nina, equilibrado alívio cômico.

Apesar disso, com um modelo pré-pronto de trama, o destaque mesmo fica para o trabalho da direção. Bonafé constrói ótimas sequências de ação e sabe posicionar a câmera para dar tensão à pancadaria, assim como exuberantes planos gerais por uma São Paulo meio futurista, quase uma Gotham brasileira, uma ótima ambientação para a história. Outro acerto fica por conta do debate que a trama propõe, mais atual impossível, em um contexto onde a corrupção toma conta do país e os políticos, os poderosos, nem sempre representam nossa salvação, fora a manipulação da mídia para favorecer candidatos e a crise na saúde pública que assola o país, tudo bem encaixado de forma didática, se tornando importantes alicerces do roteiro.

No demais, mesmo com falhas e falta de personalidade própria, ‘O Doutrinador’ entrega o que se propôs a fazer e se revela uma agradável surpresa dentro de um cinema tão padrão quanto o nacional. É instigante, enérgico e não perde em nada para blockbusters estrangeiros. Que o filme sirva de incentivo para que o público possa consumir e acreditar no potencial do nosso cinema, afinal, pode ser que não tenhamos Robert Downey Jr., mas temos o mais importante: o fervoroso amor por filmes de super-heróis.

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