Crítica | Halloween

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O desafio de resgatar os clássicos do cinema para uma nova geração segue firme e forte em Hollywood, porém, a pergunta que fica sempre no ar é se há necessidade de trazer para os dias de hoje algo que só funcionou bem e impactou uma geração de fãs por exatamente ter sido feito no passado, em um tempo em que os filmes de gênero estavam começando a ganhar forma e os clichês de agora eram novidades na época. No entanto, é ainda mais desafiador quando esse resgate é, na verdade, uma sequência direta do primeiro filme e o diretor faz questão de realizar o longa nos mesmos moldes do original.

É dessa ideia que nasce o novo ‘Halloween’, longa de terror que segue mais para o caminho que continua os eventos do filme de 1978 do que trilha sua própria jornada individual, mostrando como está a vida da traumatizada protagonista Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e do assassino em série Michael Myers (Nick Castle) que, após 40 anos preso em um manicômio, consegue finalmente escapar e adivinha quem ele deseja ver? Pois bem. Eis então que Laurie e Michael precisam se enfrentar uma última vez. Será?

Com exceção da ótima trilha sonora de John Carpenter, que ganhou uma roupagem mais moderna e eletrônica, tudo na trama remete aos clássicos filmes de terror dos anos 70/80, na verdade, o filme parece ter sido gravado naquela época, já que o diretor David Gordon Green (da comédia ‘Segurando as Pontas’) optou por enquadramentos, efeitos sonoros e uma fotografia muito utilizada nesses tipos de filmes, prestando uma homenagem ao gênero e deixando aquele ar de nostalgia, porém, o roteiro não teve a sagacidade, proposital ou não, de fugir dos eventuais clichês, fator que afeta e muito o nosso interesse pela trama.

Desde diálogos expositivos demais até caminhos extremamente previsíveis, o roteiro desperdiça a chance de inovar e acaba se prendendo ao modelo antigo, que não funciona mais como antes e que não permite que a história de Michael Myers, tanto já contada nos cinemas, consiga seguir uma nova direção, caindo nos mesmos defeitos de todas as demais sequências ignoradas do filme de 1978, algo que acontece também com frequência na franquia ‘O Massacre da Serra Elétrica’, com tantos filmes e nenhum sai do lugar. Até mesmo o retorno triunfal de Jamie Lee Curtis foi mal aproveitado, mesmo que sua personagem seja bem construída e a atriz entregue uma Laurie forte, com garra e determinação, seu desejo de vingança ganha força o filme inteiro para um desfecho que deixou muito a desejar, ficando aquele gosto amargo de que esperamos 40 anos para apenas isso.

Por outro lado, o filme resgata dois subgêneros que estão morrendo (se ainda não morreram completamente!) que é o slasher movie e os “filmes de feriados americanos”, e nisso acerta em cheio no alvo. Cenas de extrema violência, nudez, muito grito e sangue são marcas registradas desse tipo de filme e a franquia ‘Halloween’, quase pai desse subgênero, resgata com entusiasmo no novo capítulo, algo que justifica a classificação 18 anos, afinal, Michael Myers é um monstro imparável e puro mal, algo que não poderia ser explorado se a classificação fosse menor que isso.

E por falar no vilão, Myers não mudou nada em 40 anos. Ainda caladão e focado na matança, segue seu ritmo imparável até que consiga encontrar seu objetivo, seja achar uma faca de cozinha ou sua adorada máscara de borracha. Porém, dessa vez ele está muito mais “sobre-humano” que antes, resistindo a praticamente tudo que seria mortal para um humano comum, algo que afasta nossa credibilidade da trama, afinal, não importa o que aconteça, Michael vai retornar como se nada tivesse acontecido. No início pode até surpreender, mas depois de uma hora fica cansativo e engraçado ver que apenas um homem com uma faca de cozinha pode fazer tanta desgraça em uma cidade.

Se você busca um terror inteligente, pode esquecer! A base de ‘Halloween’ sempre foram os tão mal utilizados jump scares, que fazem o público pular da cadeira a cada 10 segundo de uma sequência de suspense. E nesse novo não é diferente, a construção do terror não vai para frente e o suspense ganha mais destaque ao longo da trama, sendo que muitos “sustos baratos” não acrescentam nada para a história, assim como o elenco de apoio. Judy Greer vive a atormentada filha de Laurie, que insiste em dizer que foi treinada desde criança para enfrentar Myers, mas o desenrolar da trama não entrega assim tanto preparo. Já Andi Matichak, a neta de Laurie, basicamente serve para gritar, correr e aumentar a sensação de perigo, nada mais.

‘Halloween’ é uma continuação eficiente, mas peca em trazer para os dias de hoje uma trama tão batida, previsível e brega. O medo de desagradar os fãs fez com que a produção se apoiasse no passado ao invés de usar o primeiro e aclamado filme como escada para o surgimento de uma franquia totalmente revigorada. Mesmo com alguns acertos aqui e ali, parece que 40 anos de cinema não ensinou o suficiente sobre como se fazer um bom filme de terror. E sim, há gancho para uma possível sequência, só nos resta esperar que os erros sejam corrigidos até lá.

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