Crítica | Meu Anjo

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A sensação agridoce que algumas obras nos proporcionam é algo que marca de uma maneira profunda e nos faz refletir. E é dessa reflexão que surge o sentimento pelo filme, seja ele bom ou ruim, vem dessa nossa empatia pela trama contada que, no caso de ‘Meu Anjo’ (Gueule D’ange), incomoda profundamente, mesmo que proposital dentro do contexto, mas que amarga por exagerar e passar um pouco do ponto em determinados momentos. Na verdade, o exagero surge pela repetição de cenas impactantes, que seriam muito mais marcantes e eficazes se tivessem sido feitas com mais sutileza.

A trama é bem batida, mesmo que essa obra tente inovar na construção das personagens, mostra uma mãe solteira, vivida pela excelente Marion Cotillard, criando sua filha dentro do seu mundo imperfeito, cercada de drogas, sexo e bebidas, fatores que levam a jovem de apenas 8 anos a ter que amadurecer muito rápido, precisando lidar com situações difíceis e um vício prematuro em bebidas alcoólicas, tudo para esquecer a ausência da mãe em sua vida. E é sobre isso que o roteiro se sustenta – Hora com sutilezas, hora com exagero e superexposição.

Com um trabalho convincente, Cotillard precisa superar seu carisma sempre evidente para viver uma personagem complexa, imperfeita e que gera zero empatia no espectador. Mesmo dando o melhor de si e mostrando amar a filha, fica a sensação de revolta, fazendo com que desgostamos de Marlène, sua personagem, missão cumprida para a atriz, mas um fracasso para o roteiro, afinal, isso só leva a começar enxergar o filme de forma menos passional, algo que a direção tanto busca desde o início, ao mostrar a menina infeliz no casamento da mãe, e que nos incomoda bem mais que nos comove.

Aliás, a direção de Vanessa Filho é dedicada e busca estilizar, mesmo em planos simples como closes e detalhes, ressaltados pelo trabalho da fotografia, que mostra uma França quente, bem no meio do verão europeu, algo que aumenta nossa sensação de nostalgia e angústia, sempre investindo em tons claros e sem vida. A trilha em piano entra sempre que a trama quer nos tocar, de maneira até mesmo forçada, porém, o incômodo de algumas cenas, como da menina bebendo exageradamente, afasta o peso dessa comoção.

O triunfo está na relação mãe e filha. Por admirar tanto, Elli quer ser a mãe e começa a cometer os mesmos erros que ela, enquanto Marlène não deixa que o fato de ser mãe a impeça de viver sua vida extravagante, deixando de lado suas obrigações e se tornando um fantasma na vida da menina. Ambas são almas atormentadas e solitárias, que juntas se completam, mas que afastadas afundando em suas mágoas e decepções, muito similar ao que o ótimo ‘Projeto Flórida’ retratou.

‘Meu Anjo’ toca sim em temas pesados e relevantes, mas erra ao tocar em todos ao mesmo tempo, desde bullying na escola até abandono de incapaz, há muita informação para se assimilar e a raiva crescente pela protagonista nos distancia da compaixão. Junto a isso, a trama apresenta elementos descartáveis, como o jovem que não pode mais pular de penhascos por conta do coração, apenas para tentar ainda mais nos emocionar forçadamente quando o momento chegar. Fora o carisma e talento da jovem Ayline Aksoy-Etaix, há muito sendo dito e pouco sendo retratado com a delicadeza que merece. Aquele envolvente sentimento agridoce azeda no final.

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