Crítica | Ferrugem

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A contemporaneidade definitivamente é um dos assuntos mais interessantes que o cinema pode retratar, afinal, vivemos em um mundo moderno, onde tudo que fazemos está sendo observado, fotografado ou gravado pelas lentes dos julgadores e curiosos. E é sobre assumir nossos atos que o longa-metragem ‘Ferrugem’ estabelece sua conexão, sem trocadilhos, com o espectador jovem.

O drama, premiado como melhor filme no Festival de Gramado, não poderia ter uma premissa mais atual: uma jovem menina se envolve em um enorme escândalo na escola após ter um vídeo íntimo, gravado com o namorado, divulgado pelos corredores do lugar, um cruel reflexo do exibicionismo que vivemos. E é desse ponto que se desenvolve uma trama baseada nas consequências de ser tão imprudente na internet, seja gravando ou divulgando algo particular. A jovem Tati, vivida pela talentosa Tifanny Dopke, vê seu mundo comum virar de pernas para o ar, mudando completamente suas expectativas para o futuro e a levando tomar decisões terríveis, enquanto o seu interesse amoroso, Renet (Giovanni De Lorenzi) sofre ao ver que seus atos irão lhe custar muito mais que imaginava que fosse possível.

A direção fica por conta do baiano Aly Muritiba, que realiza talvez o mais importante trabalho de sua carreira. E isso está visível na direção, dedicada a mostrar aquela história da forma mais brilhante possível, com longos planos sequência e enquadramentos pensados para causar desconforto e empatia aos protagonistas. Cenas como a do carro, que dura mais de 5 minutos sem cortar, lembram momentos de naturalidade alcançados por diretores renomados como Richard Linklater em ‘Antes da Meia-Noite’, assim como os planos seguindo os personagens de costas, caminhando pela escola, muito semelhantes ao desconfortante ‘Elefante’, de Gus Van Sant. A fotografia fria e escura cria a sensação de solidão, distorção da realidade, somada aos diálogos elaborados, tudo em ‘Ferrugem’ funciona dentro do contexto proposto, nos emocionando e pegando de surpresa alguns momentos.

No entanto, talvez seja a forma como a história é contada, com esplendor por Muritiba, que venha a ser o ponto mais relevante de todos, mostrando que, por ser mulher, o sofrimento é dobrado. O roteiro pincela no machismo da sociedade, que taxa a menina de “puta” e/ou “vagabunda” quando algo assim acontece, diminuindo a culpa do homem, também envolvido, que sofre apenas por ser zoado pelos amigos. O bullying virtual, também tratado esse ano pelo ótimo ‘Aos Teus Olhos’, é a alma da trama, fazendo lembrar outras obras, como o mexicano ‘Depois de Lúcia’ (2012), que também toca nessa ferida exposta.

Todos esses aspectos fazem de ‘Ferrugem’ o filme indie nacional mais importante do ano, que definitivamente ainda vai chamar muita atenção lá fora. Intenso, realista, triste e muito necessário. Um filme feito para os dias que vivemos e que servirá didaticamente para os jovens que ainda não sabem os limites do compartilhamento diário. Nada nesse momento nos cinemas é tão crucial como este filme.

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