A composição híbrida de Han Solo: uma história Star Wars

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Texto enviado por Rodrigo Malheiros

Em termos estéticos, um procedimento que é característico em Star Wars é ser construído sob arquétipos. Flash Gordon; os filmes de Kurosawa; as tragédias shakespearianas; os mitos gregos, a filosofia oriental; a jornada do herói desenvolvida por Campbell; os signos edipianos…as referências pululam de todos os lugares e o caráter híbrido de composição fílmica torna o universo Star Wars tão rico e fascinante quanto a vastidão da Galáxia.

Essa característica do universo Star Wars permite experimentar, criar, desenvolver narrativas com liberdade, uma vez que se torna traço identitário da franquia a abertura para novas formas, modelos, paradigmas outros que contribuam para um mosaico estético-temático. Han Solo: uma história Star Wars, nesse ponto, não foge a regra, visto que sua narrativa se desenvolve a partir da personagem, sua composição física e psicológica. Alguém sem um passado nitidamente descrito, com o jogo onomástico apontando para um solitário, trambiqueiro, contrabandista, cafajeste, carismático, jogador, esperto, habilidoso com um blaster, grande piloto, criativo, empático, de uniforme simples (um coldre, colete e um blaster) ao estilo Sundence kid ou Joe, grandes personagens do cinema western. A personagem, em específico, preexiste à trama, ao passo que, em termos de criação, a equipe de direção é forçada a procurar uma forma adequada para transformar em película 41 anos de existência de uma personagem icônica.

Pela descrição da personagem, estamos diante de alguém múltiplo, que transita entre a ordem/desordem, irônico, oblíquo. É comum que alguns gêneros destaquem-se como possibilidades estéticas, a saber, o western, os filmes de vigaristas, de apostas, aliados à ação característica em Star Wars. Inevitavelmente, a narrativa envereda pelos caminhos do submundo da Galáxia, em que Jedi, Sith, sabres de luz, a Força…parecem não compor a realidade interna à trama. Han Solo, uma das personagens de maior carisma do cinema, ganhou seu filme solo e um primeiro dilema se estabelece quanto a construção da personagem: ou Alden Ehreinrech tenta parecer ao máximo com o Han Solo de Harrison Ford e corre o risco de parecer uma caricatura barata, ou interpreta um Han Solo em construção, ainda desenvolvendo-se, o que o faz ganhar liberdade artística e uma assinatura, um conceito próprio. Partindo para a segunda opção, a personagem constrói-se ao longo da narrativa.

 

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Han Solo: Uma História Star Wars, pode até não ser o filme recorde de bilheteria, nem alcançar as melhores críticas por parte dos fãs mais acalorados, mas é um filme híbrido no que tange sua composição, seguindo um paradigma estético entre o western e os filmes de apostas, jogos e trambiques, ressignificado por um Worldbuilding, cuja premissa é a Guerra nas Estrelas. Já de início, o personagem é apresentado como um trambiqueiro, que a partir de um truque simples (fingir que segura um explosivo) tenta escapar de uma acusação. Dentre alguns filmes que tematizam vigaristas, citarei um clássico, Golpe de Mestre (1973), filme de George Hill, em que Johnny Hooker, personagem interpretado por Robert Redford, junta-se a Henry Gondorff, interpretado por Paul Newman, para dar um golpe em um chefão mafioso. A estrutura desse clássico aproxima-se muito de Han Solo em alguns pontos: Johnny Hooker, assim como Han, passa de um simples trambiqueiro a um vigarista profissional, ao encontrar-se com Henry, numa analogia direta a Beckett. Dentre uma das cenas emblemáticas, há um jogo de cartas em que Henry participa na intenção de se aproximar do chefão. Em Han Solo, o jogo de cartas está presente no encontro com Lando Calrissian. São signos que tecem o gênero e estão presentes, dentre outros, na direção de Ron Howard. Ao conhecer Beckett, Han ingressa num caminho sem volta, como Beckett o alerta, junta-se a uma equipe para conseguir roubar uma grande quantidade de coaxium (uma espécie de combustível feito de um cristal super raro e caro), para escapar com vida da mão de Dryden Vos, integrante da Aurora Scarlate. Han, Kyra, Lando, Beckett e Chewie embarcam na Millennium Falcon em busca do combustível. Desde o início, a construção da personagem vai sendo desenvolvida a partir da maneira de agir. Daí se estrutura toda narrativa, a qual estabelece seus pontos de convergência com o arquétipo do western, adicionando traços dos filmes de trapaças, a saber, a busca por ouro, os assaltos aos trens que construíram os Estados Unidos, as perseguições, os donos dos povoados que oprimiam os moradores, os duelos entre atiradores, as falcatruas, as cantinas de jogos, os blefes… numa composição híbrida, a qual acomoda-se perfeitamente ao conceito da personagem em destaque.

O faroeste ganha corpo e torna-se elemento formal, unindo-se ao gênero aventura, ao estilo dos filmes de vigaristas e de guerra, na composição desse mosaico estético. Há um filme, Bucht Cassidy and Sundence Kid (1969), em que dois amigos lideram um bando de ladrões de trens e bancos. Paul Newman e Robert Redford mais uma vez interpretam personagens carismáticos, que oscilam entre vilões e bonzinhos, dessa vez numa ambientação western, num tom narrativo entre comédia e drama, um pouco divergente dos filmes de Sérgio Leone, como Por um Punhado de Dólares (1964), Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966). A personagem que acompanha Han solo, Beckett é, tanto em sua habilidade com a arma (blaster/pistola) quanto na sua caracterização física, muito parecido com Sundence Kid. É fácil notar as proximidades entre Han Solo: uma história Star Wars e Bucht Cassidy: o tiroteio; a noite na fogueira, a qual as personagens apresentam um pouco de suas mais íntimas aspirações; o roubo a carga do trem; os embates com outros grupos que vivem como fora da lei; a descoberta e consolidação de amizades antes impossíveis; o duelo…

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Sedimentado a partir dessa composição híbrida citada anteriormente, Han Solo: uma história Star Wars, oferta aos fãs cenas memoráveis como seu encontro com Chewie, ambos acorrentados, numa clara referência ao filme homônimo Acorrentados (1958), em que Joker Jackson (Tony Curtis) e Noah Cullen (Sidney Poitier) estão presos e acorrentados um ao outro, no instante em que o ônibus que os levam ao presídio sofre um acidente e eles conseguem fugir. Apesar de se odiarem, são obrigados a conviverem e ao longo da jornada dividem seus dilemas. O encontro de Han com Lando Calrissian, em que a Millenium Falcon torna-se motivo de desentendimentos e comprometimentos, bem ao estilo Golpe de Mestre (1973), já citado anteriormente, constrói uma contextualização coerente ao encontro dos dois em O Império contra-ataca (1980). Em seu desfecho, a narrativa, acertadamente, converge para um duelo western, em que Beckett e Solo posicionam-se numa ambientação desértica, arenosa, a qual, ao estilo Star Wars, reverencia o gênero faroeste tão aclamado nas mãos de diretores como Sergio Leone e George Roy Hil. Sobre o duelo, é claro, Han Solo atirou primeiro.

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