Crítica | Cobra Kai – 1ª temporada

Array
Publicidade

[et_pb_section bb_built=”1″][et_pb_row][et_pb_column type=”4_4″][et_pb_text _builder_version=”3.0.89″ background_layout=”light”]

34 anos depois, Karate Kid está de volta! A saga do garoto que sofria bullying na escola e precisava de ensinamentos tanto de artes marciais quanto de lições de vida chega às telas do computador, em um formato diferente: agora, com um novo título, Cobra Kai – fazendo referência clara ao foco desta nova trama -, e seguindo a onda dos serviços de streaming, com a série de 10 episódios sendo transmitida pelo Youtube Red. E não havia maneira melhor de retornar. 

A história acompanha os adversários do primeiro filme, Johnny Lawrence (William Zabka) e Daniel LaRusso (Ralph Macchio), mostrando como seguiram suas vidas. Lawrence é um fracassado, bêbado e com diversos problemas familiares, enquanto LaRusso é um empresário bem-sucedido e reconhecido por toda a comunidade. Nesta continuação, Johnny resolve reabrir o dojo Cobra Kai, voltando a ensinar os fundamentos que aprendeu de seu mestre: “Ataque primeiro. Ataque com força. Sem piedade”. 

Assim como muitos revivals usuais, o elemento da nostalgia é um dos engates para essa trama, apostando em referências claras ao primeiro filme da saga (até porque as continuações só tem Daniel como enfoque). Dito isso, a série não tenta esconder o embasamento que possui nos easter-eggs, com músicas dos anos 80 ocupando praticamente toda a trilha sonora – se prepare para ouvir muito Bill Conti – e com os personagens fazendo citações claras a momentos do clássico filme – com direito a uma discussão em relação à legalidade do chute de Daniel que o fez vencer o torneio. 

Além disso, as próprias motivações do roteiro utilizam o filme original como base, com um garoto sofrendo bullying na escola e recorrendo às artes marciais para escapar disso. A única diferença essencial é de que em vez de encontrar alguém sábio como o Sr. Miyagi para ser guiado, ele acaba dando de cara com Johnny Lawrence e com os ensinamentos do Cobra Kai. 

Apesar dessas “repetições” soarem como falta de originalidade, são implementadas de maneira proposital no roteiro, sempre destoando de uma maneira ou de outra ao produto clássico, inclusive como forma de destacar as diferenças, evidenciando paralelos possíveis. Há um claro proposito em homenagear Karate Kid como um produto da infância ao mesmo tempo em que leva a história a novos patamares, e há também uma tentativa de apresentar uma trama similar ao filme de 1984, mas de maneira mais realista e pé no chão.

Outro ponto positivo é a maneira como a série abusa do humor, principalmente fazendo o contraponto entre os anos 80 e o mundo moderno, com Johnny Lawrence sendo uma clara figura homofóbica, machista e delinquente – tudo isso de uma maneira muito ingênua -, como se fosse a representação de alguém que ficou preso no tempo. Ele é aquele típico personagem que reclama dos tempos atuais e das frescuras da geração dos anos 2000 – como uma metalinguagem da própria série, que faz uma comparação totalmente humorística dos dois períodos. 

Para aqueles que pensaram que o seriado focaria totalmente no dojo “maligno” e no lado de Lawrence, se engana. Daniel LaRusso é o protagonista junto com ele e também tem seus ótimos momentos – com destaque para uma cena em homenagem ao sr. Miyagi e claro, o retorno de sua bandana. Os dois personagens dividem a tela e têm seus encontros e desencontros durante toda a série, de maneira satírica, dramática e também nostálgica. 

No fim das contas, Cobra Kai é uma série de comédia – não é à toa que os episódios possuem em torno de 20 minutos -, mas que sabe subverter expectativas e se levar a sério nos momentos certos. Apesar da nostalgia ser um elemento presente, não fique esperando fan services gratuitos, como uma luta entre Daniel e Johnny, até porque seria bem ridículo dois homens em seus 50 anos lutando por conta de uma rivalidade do ensino médio – a série faz até mesmo piada com isso. 

Além disso, o drama também é um elemento recorrente durante toda a temporada e sem ser apelativo. O fato de Johnny ser um fracassado é motivo de piadas, mas também tem seu contraponto no drama. Daniel, o empresário com a suposta vida perfeita, vive seus desafios da mesma forma. O mesmo pode ser visto com o núcleo dos adolescentes, que tem seus momentos de despretensão, mas que no geral traz uma mensagem bastante relevante contra bullying e discriminação. Essa mensagem mais séria acompanha a série em todos seus âmbitos. Se com os adolescentes há essa luta por aceitação, com os protagonistas mais velhos há uma luta interna, em que ambos anseiam por suas juventudes de volta e há também algo ainda maior: ambos ainda precisam aprender algumas lições que vão além das artes marciais e esses jovens são a chave para isso. 

Cobra Kai é a continuação que todos queriam e feita da melhor forma possível. É divertida na quantidade certa, apostando no bom humor para levar a saga adiante, mas também não perde de vista o drama e problemas de seus personagens. É um seriado, que assim como muitos revivals, aposta na nostalgia como engate e mote principal, mas implementa novidades e subverte expectativas de maneira impressionante. No fim, é uma lição de como um produto de entretenimento pode apostar no simples e ainda assim conseguir ser uma das melhores continuações dos últimos anos, sem perder de foco o que já foi feito, mas olhando para o futuro. Assim como o filme original, é leve, bem humorada, divertida e marcante, sendo não só uma ótima série, mas uma das melhores continuações feitas nos últimos tempos. 

 

[/et_pb_text][/et_pb_column][/et_pb_row][/et_pb_section]

Última Notícia

Mais recentes

Publicidade

Você também pode gostar: