Crítica | Vingadores: Guerra Infinita

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Foram 10 anos esperando. 19 filmes que levaram até este momento. Finalmente, Vingadores: Guerra Infinita chegou, e com uma responsabilidade extremamente difícil: atender as expectativas que o próprio estúdio criou, equilibrar a minutagem dos diversos heróis em tela e claro, apresentar Thanos, o Titã que vem sendo a sombra do Universo Marvel pelos últimos 6 anos, desde que o primeiro Vingadores chegou aos cinemas. E assim como aconteceu quando Homem de Ferro estreou, fazendo com que crianças saíssem das salas com sorrisos estampados no rosto, o mesmo se repete com este terceiro filme do supergrupo, mas de maneira muito mais épica.

Logo de início, o tom do longa já é definido pela presença de Thanos (Josh Brolin). Os primeiros minutos do filme servem como certo prelúdio para o que está por vir nas mais de duas horas seguintes. Assim como antecipado pelos diretores Joe e Anthony Russo, não demora muito para que o espectador entenda porque o Titã é o maior perigo já enfrentado pelos heróis da Marvel.

A trama acompanha de perto essa jornada do vilão em busca das Joias do Infinito – como se Thanos fosse o verdadeiro protagonista dessa história e os heróis funcionassem para contrastar com ele – e mostra os Vingadores sofrendo as consequências dos últimos filmes, mais especificamente, de Capitão América: Guerra Civil. O grupo se desfez, com cada um seguindo seu caminho. Tony Stark (Robert Downey Jr.) agora faz pesquisas com nanotecnologia e planeja se casar. Steve Rogers (Chris Evans) não escapa de suas obrigações e lidera os Vingadores Secretos em missões às escuras. Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bethany) começaram a sair e sempre que possível, tiram um tempo para si. Thor (Chris Hemsworth) e Hulk (Mark Ruffalo) continuam exatamente onde estavam quando os vimos no último filme do deus do trovão.

Essa relação dos personagens é um dos pontos mais interessantes do filme. Durante a trama são apresentados núcleos diversos com cada um dos Vingadores “protagonistas” liderando: Tony comanda as cenas que acontecem no espaço ao lado dos Guardiões da Galáxia; Steve encabeça as cenas que acontecem em Wakanda; Thor se destaca no espaço e também na Terra. Isso funciona de maneira magnífica, dando mais dinamismo para a história do filme – o revezamento de núcleos é extremamente bem-vindo, inclusive lembra bastante jogos de videogame em que as frentes de batalha são divididas – e também serve para alterar o tom do longa: em algumas cenas encontramos personagens mais cômicos e em outras alguns com histórias mais dramáticas.

Falando em tom, este é um dos grandes acertos do longa. Se alguém esperava a “clássica fórmula Marvel”, se engana bastante. Por um lado, o humor que já é de praxe dos filmes do estúdio está presente e de maneira bastante recorrente: em alguns momentos há quebra de clima proposital, com alguns rostos específicos liderando a comicidade. E do outro, há o peso dramático que é inerente à ameaça iminente de Thanos e seus filhos, os membros da Ordem Negra. Essa dramaticidade só chega de fato a partir do terceiro ato do longa, mas durante todo o filme é perceptível uma sensação de iminência na tragédia que o Titã traz para os heróis.

É muito interessante pensar nessa ideia de equilíbrio, já que é os irmãos Russo apostam nisso em todos os aspectos do longa. Na trama, Thanos busca equilibrar o planeta Terra e por isso precisa eliminar metade da humanidade. No tom do filme, o equilíbrio entre as risadas e os momentos de tensão é exímio. E com a minutagem dos personagens em tela, a mesma fórmula é seguida.

Como já esperado, este é um filme focado nos Vingadores e não nos Guardiões da Galáxia, mas o grupo de Peter Quill é determinante para a história e tem seus momentos de destaque – sem perder a essência da comédia, mas se adaptando para uma trama muito mais trágica. Em relação aos Vingadores de fato, Joe e Anthony Russo apostam bastante no equilíbrio, sem pesar a mão em Tony Stark ou em Steve Rogers. Cada um dos heróis tem seu momento de brilhar, sua missão a cumprir e aparece o suficiente para fazer o necessário na luta contra Thanos. O destaque fica para Thor, que depois de tantos anos se tornou um pilar nesse universo Marvel, unindo dramaticidade e humor de maneira intrigante.

Esse lado soturno do filme é decorrente de Thanos de várias maneiras. Primeiro, com o perigo que ele traz – essa possibilidade real de ser o fim do mundo deixa todos tensos e assustados. E também vem do lado dramático do próprio vilão. Apesar de superficialmente ele parecer um monstro roxo musculoso, durante o filme a motivação e os sentimentos do Titã são bastante explorados, criando uma certa empatia, não pelo objetivo de Thanos, mas por seu personagem. É uma faca de dois gumes: é um personagem que instiga ódio ao mesmo tempo que é complexo o suficiente para gerar simpatia.

Essa troca de papéis – de herói para vilão, e vice-versa – é um grande mérito da direção do filme. Não raramente, a própria câmera, alinhada com o enredo, torna Thanos uma espécie de salvador da pátria, corroborando o discurso criado pelo personagem. Essa duplicidade é totalmente bem-vinda, e muito inovadora no Universo Marvel, tanto nos quadrinhos quanto no cinema.

Falando em quadrinhos, assim como já é de praxe nos filmes do estúdio, o material original serve apenas como bussóla para os irmãos Russo guiarem o leme. As HQ’s que tratam da busca de Thanos pelas Joias do Infinito têm peculiaridades de roteiro que não se encaixariam aqui – fora que alguns personagens muito importantes nos quadrinhos nem mesmo foram apresentados no cinema.

Recentemente foi divulgado que este foi o segundo filme mais caro da história, custando cerca de US$ 300 milhões e, felizmente, é possível enxergar o investimento desse dinheiro dentro das telonas. A grandiosidade das cenas é algo de encher os olhos, principalmente considerando o tanto de tela verde utilizado – criaturas como o Hulk, Thanos, até mesmo a própria armadura do Homem de Ferro, todos são feitos em CGI. A escala do filme é algo inimaginável e digno de uma comemoração de dez anos de Universo Marvel.

Outro ponto importante neste filme é a questão das consequências – seguindo a linha de dramaticidade que o longa apresenta. Nunca antes no Universo Marvel, os acontecimentos tiveram tamanho peso, tanto para os espectadores quanto para os próprios personagens em tela. Há uma tenacidade em desconstruir o que foi construído até o momento e isso fica evidente em cada mínimo detalhe do longa.

10 anos se passaram desde que Homem de Ferro chegou aos cinemas e começou a estabelecer o Universo Cinematográfico da Marvel. Ao fim de Vingadores: Guerra Infinita, a expectativa é pelo próximo filme do supergrupo e por mais 10 anos de filmes tão bons como esses que têm sido feitos. Kevin Feige, ao lado de Joe e Anthony Russo, tinha a difícil missão de entregar um filme épico, memorável e grandioso – ao mesmo tempo em que era necessário guardar algumas surpresas. Trabalho concluído com sucesso. Que venha Vingadores 4 e mais 10 anos.

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