Crítica | Stranger Things 2

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Quando estreou em julho de 2016, Stranger Things chegou sem grandes pretensões. A série era uma grande homenagem aos anos 80 e o fez com tão grande maestria que não demorou muito para conseguir o primeiro lugar no ranking de popularidade de IMDB. Os fãs se dividiram entre ansiar logo por uma segunda temporada e o medo de que uma continuação estragasse o que foi feito. Pois bem, Stranger Things 2 (como os produtores preferem chamar) é a prova de que os irmãos Duffer tem o controle dos dois mundos em suas mãos.

A temporada anterior havia terminado com um cliffhanger monstruoso (com o perdão do trocadilho). Eleven havia explodido junto com o Demogorgon, Will cospe um pedaço de um verme e tem uma breve visão do Mundo Invertido e ainda faltava a justiça para a Barb.

Começando diferente do que se esperava, a série mostra novos personagens que nos faz pensar nos experimentos que foram feitos em Eleven e que de fato existem dez outros experimentos antes dela. Por mais que a temporada não aborde tão bem esse núcleo lá na frente, é uma expansão na mitologia da série que pode ser revisitada a qualquer momento.

Voltamos a Hawkins, 352 dias após o desaparecimento de Eleven. Nossas crianças, são agora pré-adolescentes (Dustin até está com todos os dentes). Will sofre bullying por ser ter voltado a vida e é apelidado por todos como zumbizinho, o menino ainda precisa lidar com a superproteção de sua mãe que ainda teme os efeitos do que vivenciaram e aos poucos as visões do Upside Down vão se tornando mais intensas. De certa forma, todos estão lidando com as consequências do que aconteceu há um ano.

Stranger Things 2 na verdade é um grande filme de 7 a 8 horas, com introdução, desenvolvimento da trama e conclusão. As crises de Will vão se tornando mais intensas; Hopper começa a investigar o motivo de algumas plantações de abóboras em Hawkins estarem sendo improdutivas; Jonathan e Nancy saem em busca de justiça por Barb, e Eleven procura suas origens, são essas as tramas que irão nortear a temporada e o desenrolar disso é uma temporada frenética com episódios intensos que é quase impossível não maratonar.

É redundante falar que o elenco da série é maravilhoso e dão um show de talento, dos mais novos aos mais veteranos. Noah Schnapp que não teve tanto tempo em tela na primeira, tem nessa segunda temporada a chance de mostrar o porquê de ter sido escalado para esse elenco e consegue encarar toda carga dramática que Will sofre em sua “possessão” do Devorador de Mentes. O veterano David Harbour também cresce nesta temporada, as cenas divididas com Millie Bobby Brown é o verdadeiro combate entre a força física e imponência de Hopper e os poderes sobrenaturais de Eleven, ao mesmo tempo que vemos suas fraquezas e o cuidado paternal que a transforma. Ainda tem o Gaten Matarazzo, como Dustin agora com dentes e boca suja.

As novas adições também vieram a altura. Sadie Sink chega como Max, irmã do “ranger” Billy (Dacre Montgomery), ambos de uma família problemática mostrando que ameaças não são encontradas apenas no Mundo Invertido. Max acaba formando um triângulo amoroso com Dustin e Lucas, e é linda a química de Meu Primeiro Amor que fica no ar. Billy é o antagonista que Steve não conseguiu ser, é a ameaça humana às crianças e que pode ainda ter uma história ainda mais desenvolvida para mostrar o que gerou em sua personalidade o comportamento bad boy, ainda que por vezes a atuação de Montgomery tenha sido exagerada, conseguiu gerar no público o ódio pelo personagem, e esse é o objetivo. Sean Astin tem em Bob não um personagem que foi criado apenas para o ator fazer uma referência nostálgica, mas, como namorado de Joyce serve como apoio para tentar trazer a família de volta à normalidade e na tentativa de ser o padrasto descolado acaba ajudando a equipe.

A fotografia continua brilhante, com os tons avermelhados e sombrios comuns aos filmes de suspense. É notório também que a série teve mais recursos para investir nessa temporada, e vemos um CGI melhor trabalhado, e efeitos visuais mais ricos em detalhes. A trilha sonora vem com novos velhos clássicos, como Cindy Lauper embalando todos com “Time After Time”, Every Breath You Take de The Police, os sintetizadores durante toda trilha original e claro que não poderia faltar Should I Stay or Should I Go do The Clash que marcou a primeira temporada.

Se nostalgia é a marca da série, não faltou elementos na segunda temporada. Fliperama, Caça-Fantasmas, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, O Exorcista, o visual das bandas punks da década, e tantos outros que tornam o fato de assistir a série uma divertida busca pelos easter eggs.

Mas o que essa temporada fala mesmo é sobre família! A família da Joyce que está reunida novamente e crescendo, as famílias das demais crianças que estão despreocupadas com o que os filhos estão aprontando, a família a ser descoberta da Eleven, a família problemática de Max e Billy, o sofrimento da família de Barb. Cada uma com seus dilemas pessoais e reais do nosso mundo.

Stranger Things 2 faz jus ao título de menina dos olhos da Netflix e a cada centavo gasto pelo streaming para promover a série. Também é a prova de que os irmãos Duffer construiu um universo feito de colagens da década de 80, mas que têm o controle da história e não há pontas soltas que eles não consigam amarrar. Se a ameaça do mundo invertido aumentou a qualidade da série cresceu juntamente, e é esse cuidado no projeto que faz com que o público fique preso do início ao fim, aguarde ansiosamente pela continuação e relembre o quão bom eram os anos 80.

A terceira temporada tem previsão de estreia em 2019.  Enquanto ela não chega a gente pode ir matando a saudade com essas camisas direto do Upside Down da Chico Rei. Dá só uma olhada: https://goo.gl/mX52rM

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